Por Nathália Rebouças
Hoje é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A data foi instituída em 2007 pela ONU e busca dar visibilidade ao chamado Transtorno do Espectro Autista, TEA. O tema para este ano é: mais informação, menos preconceito. Falar sobre combate ao preconceito virou lugar comum. No entanto, negar qualquer tipo de discriminação pressupõe entender porque somos diferentes e acolher aquilo que foge do padrão, bandeira importante da neurodiversidade.
Muito mais do que negar o preconceito, discussão fundamental neste dia, me preocupa o estereótipo criado para pessoas com autismo a partir de definições que nem sempre correspondem à realidade. “Gênio”, “superdotado”. Aceitar a neurodiversidade inclui não negar a possibilidade de que seu filho pode sim nunca falar, pode continuar emitindo sons e pode, inclusive, ser uma criança que foge ao padrão neurotípico. E isso não significa que ele falhou, que os profissionais erraram ou que as mães não são boas o suficiente.
O modelo de sucesso é sempre atrelado às pessoas que se destacam profissionalmente, que possuem habilidades acima da média em alguma área. E o autismo não foge dessa armadilha. Por isso ganham projeção os filmes ou séries que trazem médicos autistas inteligentíssimos cuja nunca dificuldade é a socialização; ou a advogada extraordinária que desenvolve um trabalho impecável para os padrões jurídicos mas que é tímida e introspectiva.
Aceitar a diversidade de forma plena significa aceitar as possibilidades variadas, caminhos que nunca foram imaginados, os altos e baixos, as dificuldades. A vida como ela é e não como a ficção mostra. E a partir dessa condição lutar para que os nossos filhos tenham um caminho com inclusão e oportunidades. Como eles são. Sem romantismo, sem expectativas irreais.
Fundamental é falar sobre neurodiversidade e sobre diversidade. Que somos diferentes. Que está tudo bem não integrar um modelo padrão e não atingir o sucesso esperado para os moldes da sociedade capitalista. Tanta gente não consegue, por que temos que depositar esse fardo sobre os nossos ombros ou sobre os ombros dos nossos filhos com autismo?
Criar condições ideais, abraçar a diversidade, lutar por inclusão. É tão rico esse processo. E considero que todo esse caminho é mais importante do que o ponto de chegada.
Nathália Rebouças é mãe de Terceiro e Jornalista.