Nas últimas 72 horas, a língua de Lula comportou-se como um pêndulo desgovernado que oscila entre a grosseria e a tolice. Quando revelou o velho desejo de “foder esse Moro”, a língua do presidente soou incompatível com a Presidência. Ao tratar o plano do PCC para eliminar o antigo desafeto como “mais uma armação do Moro”, Lula exagerou na asneira.
No melhor estilo Bolsonaro, Lula demonstrou que também tem sua própria realidade paralela. “É visível que é mais uma armação do Moro”, mordeu. “Mas não vou atacar ninguém sem ter provas”, assoprou. “Se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda”, mastigou novamente. “Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo como está mentindo.
Veja fala completa:
“Com poucas frases, Lula desmoralizou todo um discurso do seu ministro da Justiça. Na véspera, Flávio Dino havia classificado de “vil, leviana e descabida” a politização da investigação que desbaratou a trama do PCC contra Moro e outros agentes públicos. Desmereceu o trabalho primoroso da Polícia Federal e do Ministério Público de São Paulo. Fez troça dos presidentes do Senado e da Câmara, que mobilizaram as polícias legislativas para garantir a segurança do ex-juiz da Lava jato e da mulher dele, a deputada federal Rosângela Moro.
Dias atrás, Lula aproveitou a ribalta de uma solenidade oficial para dar um pito nos ministros que constrangem o governo com suas “genialidades”. Da próxima vez que parar defronte de um espelho, o inquilino do Alvorada talvez perceba que a diferença entre um gênio e um estúpido é que a genialidade tem limites.
Até os petistas começam a se perguntar o que está havendo com o sábio da tribo do PT. É como se o pajé do partido tramasse dispensar Bolsonaro, o bolsonarismo e toda a milícia digital antipetista da tarefa de fazer oposição. Nas últimas horas, Lula age como principal adversário de si mesmo. Vai se consolidando como líder da oposição ao seu próprio governo.