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Mossoró
domingo, 29 de junho, 2025
Por Vonúvio Praxedes
domingo; 29 junho - 2025

Coluna Dilemas: Ela destruiu o meu São João!

Mesmo tendo cuidado, usando álcool e máscara, o ambiente contaminado me fez contrair a influenza

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Por Alexandre Fonseca

Comecei o Mossoró Cidade Junina 2025 em êxtase, pela oportunidade de desempenhar uma nova função durante o Pingo da Mei Dia. Gosto de viver o São João trabalhando e apesar do choque inicial, observando como deveria agir diante das responsabilidades que agora tinham me atribuído, as circunstâncias foram sendo amadurecidas. Após encerrar a primeira transmissão do projeto junino da emissora, conversei com uma colega de trabalho, afirmando que não tinha entregado tanto quanto deveria. Afagando meu coração, me disse que fui essencial, que a minha presença tinha sido importante; enquanto fazia o monitoramento da operação, ela conseguia lidar com outras questões durante a jornada. Compreendi que a divisão de tarefas agregou ao resultado e com as suas palavras, fiquei mais tranquilo.

Apesar de anos atrás, ter vivido momentos parecidos como coordenador de algumas demandas da empresa, nada se compara ao MCJ. Dias depois, assumiria a função, em um outro espaço da festa chamado Polo Arraiá do Povo – Poeta Zé Lima. Tive mais tempo de preparação e enfrentei o processo, bem mais relaxado. Os finais de semana foram passando e o trabalho sendo desenvolvido como merecia ser.

Particularmente, São João sempre foi algo distante, peculiar. Quando criança, dançava nas quadrilhas da escola, nas festinhas juninas, por obrigação mesmo, poucas são as fotos que tenho guardadas, as lembranças bem vagas. Quando adulto, aos 18 anos, em uma festa na Estação das Artes, voltei para casa em menos de uma hora, não aguentei a aglomeração, o barulho estridente das caixas de som. Uma vez, me aventurei no Pingo com as vizinhas, pouco tempo depois, retornei caminhando pro meu lar, calmo e confortável. Até mesmo no trabalho, minhas primeiras experiências com o mês de junho foram efetuadas na área interna da TV. Produzia material para um programa de estúdio, nem precisava pisar na Avenida Rio Branco. Terminava a exibição, seguia o rumo da cama, renovar as energias.

Estive 3 anos afastado de qualquer cobertura junina e dos festejos de São João. Após a pandemia, aquele sentimento de não estar vivendo verdadeiramente surgiu e em 2023, lutei pelo meu espaço na transmissão e no projeto televisivo. Fui credenciado, fiz produção do Pingo, conteúdo para o portal de notícias… Mal sabia, que aquele seria o primeiro e último, na criação de memórias com a minha mãe. Minha matriarca viria a falecer meses seguintes. Foi então que esse período do ano ganhou outro significado, passou a ter um outro sentido.

Em 2024, voltei a contribuir. Trabalhei feliz até chegar no final do mês e ficar debilitado. Começaram as frustrações. Queria ter marcado presença no show do Alok, por exemplo, não deu! Acompanhei acamado, pela tela do notebook. Em 2025, quase que não fazia parte do casting de colaboradores do projeto do canal, por falta de credenciamento. Graças ao diretor de produção do entretenimento, fui inserido na lista e me coloquei a disposição para as demandas geradas. Foi tudo tão prazeroso! Diferente do ano anterior, estava com saúde e executei atividades profissionais pela primeira vez, até durante o São João do Assú. Foi lá que tive a chance de assistir ao show do DJ, que havia deixado de comparecer, no ano anterior, em Mossoró. Engraçado como a vida prega peças na gente com pouco intervalo de tempo, não é?! Tudo acontece na ordem Dele e em ocasiões que fogem do nosso entendimento e controle.

Voltando a realidade do dia a dia, brotaram novos desapontamentos. A imunidade baixou e, além disso, trabalhar com pessoas que adoecem e não se protegem, não usam máscaras, não possuem a mínima consciência, sensibilidade com o outro, vai te fazer, em algum instante, ficar doente também. E fiquei! Mesmo tendo cuidado, usando álcool e máscara, o ambiente contaminado me fez contrair a influenza. Dores, pressão alta, peito com secreção. Afastamento. Início de tratamento. Repouso e decepção. Decepção sim, pois, não tive a chance de auxiliar nos últimos dias de ofício, de apresentações culturais e muito menos de poder encerrar a minha parceria, com a colega que citei lá no primeiro parágrafo.

Tentei obter dados atualizados acerca da cobertura vacinal em Mossoró e até onde tenho conhecimento, não está dentro da meta de porcentagem. Esses dias, uma especialista em saúde, comentou em entrevista, que as pessoas estão deixando de se imunizar, pela falta de percepção do seu redor. Não ter ninguém por perto gripado, não exime a existência do vírus da gripe. Em alguns casos, o agente infeccioso pode até matar.

Em mim, a influenza veio com tudo! Ainda me fiz de forte, cumprindo jornada matinal na produção dos jornais, durante a semana. Mas, chegou em um ponto que precisei decidir e colocar em prioridade a minha recuperação. Por ter asma, já tinha me vacinado contra a virose, e estou aqui, dando graças a Deus, pelo fato de não estar ocupando um leito de hospital, como várias outras pessoas, necessitam. Mesmo assim, a verdade é que ela destruiu o meu São João. Acabou com o restinho do meu Mossoró Cidade Junina! Enfatizo: ela destruiu!

Infelizmente, foi dizimada a minha vontade de concretizar as ações no último evento da festa. Pelo segundo ano consecutivo, precisei deixar de lado as atribuições profissionais, por motivos de enfermidade. No entanto, nem tudo é desilusão. No meu descanso, venho refletindo sobre a quantidade de histórias conquistadas até aqui. Histórias que foram iniciadas a partir da minha vontade de viver o São João outra vez e pela confiança, que o diretor de produção, me atribuiu, durante o período. Tomara que no próximo, a saúde não seja empecilho para as minhas crônicas e dilemas culturais. São João 2026, já estou ansioso! Ah, um pedido de quem vos escreve: se cuidem, cuidem do outro e festejem com espiritualidade, não sejam a razão do fim junino precoce, daqueles que só queriam viver. E vivam!

Alexandre Fonseca, coordenando pela primeira vez, a transmissão do Arraiá do Povo no MCJ – arquivo pessoal
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