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sábado, 4 de maio, 2024
Por Vonúvio Praxedes
sábado; 4 maio - 2024

Dilemas: Viver é muito bom!

Esses dias um amigo me perguntou: você se sente mais feliz sendo produtivo? É por isso que sua vida é essa loucura de energia? A minha resposta é e foi muito clara: isso!

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Por Alexandre Fonseca

Estive durante dois longos anos, refém do meu próprio psicológico, buscando compreender as razões das minhas severas crises de ansiedade. É uma expressão clichê, mas, só quem conviveu comigo e me acompanhou até o hospital, sabe dos momentos impetuosos que enfrentei. Daí, o tempo revelou uma escala de vida social mais tranquila, após todas as vivências assustadoras com a pandemia (80% dos motivos por trás dos meus problemas mais recentes) e passei a questionar: o que está faltando? Estava faltando viver!

Precisava de um pouco de liberdade. Uma liberdade minha, sabe?! Do jeitinho que gosto de fazer, simples, sem muitas nuances, pisando em terras seguras e com brisas serenas. Foi então que decidi começar 2023, organizando uma série de experiências novas e outras nem tanto. Planejei uma jornada para cada final de semana do mês de janeiro, que acabou se estendendo por fevereiro e março. Visitei o litoral da Costa Branca, o Seridó, cidades do Ceará, como Canoa Quebrada, Aracati, Icapuí e por fim, fui até Pacatuba, usufruir de algo único, encarando uma trilha de cinco quilômetros (a maior que já fiz) na Serra da Aratanha e logo em seguida, um acampamento surreal, com paisagens divinas e indescritíveis.

Alexandre Fonseca no Lago do Boaçu (Serra da Aratanha/CE)

Durante a viagem, um dos meus colegas de camping, refletia de vez em quando, sobre os valores da atividade que estávamos cumprindo. Nas palavras dele: viver é muito bom! E aquela frase, aparentemente usual, me tocou o bastante, gerando inspiração para escrever outra vez! Existia algo ausente na minha rotina. E subindo a Serra da Aratanha, veio a confirmação de que eu precisava percorrer três horas de trilha, cansar, respirar, enxergar tudo ao meu redor e alcançar o topo, pertinho das nuvens, pra voltar a ter um certo controle do meu psicológico e recuperar aquela trivialidade presente nas palavras dele.

Como já adiantei, foram realizados outros passeios em fevereiro. Descansei bastante no Carnaval, pedalei com pessoas que tenho grande carinho e ainda fechei os três primeiros meses do ano, executando outra trilha (cerca de dois quilômetros de chão) até a Serra do Lima, localizada em Patu/RN. Ainda tive a oportunidade de praticar rapel pela terceira vez. Mais tranquilo e confiante, inclusive. Talvez pela saudade grandiosa que sentia do esporte ou apenas, pela formação do hábito. Não quero detalhar muito. Deixarei as memórias boas, além dos registros em fotos e vídeos que foram feitos, perdurar no cantinho do meu cérebro, que enche meu corpo de sensações satisfatórias.

Alexandre Fonseca praticando rapel na Serra do Lima (Patu/RN)

Esses dias um amigo me perguntou: você se sente mais feliz sendo produtivo? É por isso que sua vida é essa loucura de energia? A minha resposta é e foi muito clara: isso! A verdade é que faltava a respiração do ar puro, o suor conquistado em uma trilha cansativa, o companheirismo das pessoas, o contato genuíno com a natureza… Faltava gastar toda a bateria acumulada com atividades desafiadoras. Faltava mesmo era viver! É o significado que atribuo. E com certeza, você vai ter a sua maneira de dimensionar a vida. O importante é que tenha uma, afinal de contas, meu colega de acampamento estava e está super correto: viver é muito bom!

Alexandre Fonseca é jornalista, cineasta, escritor e produtor cultural.

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