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segunda-feira, 11 de agosto, 2025
Por Vonúvio Praxedes
segunda-feira; 11 agosto - 2025

Dia do Advogado: golpistas se passam por profissionais para extorquir vítimas via Pix

Especialista explica como criminosos usam dados reais para aplicar o "golpe do falso advogado"; saiba como se proteger e onde denunciar

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No Dia do Advogado, celebrado nesta segunda-feira (11), cresce o alerta para um crime que vem se espalhando pelo país: o golpe do falso advogado. A fraude, que usa dados reais de processos para enganar vítimas, já atingiu clientes em diferentes estados e preocupa especialistas em segurança digital.

Em meio a uma rotina agitada, uma profissional de TI, que prefere não se identificar, recebeu uma mensagem via WhatsApp sobre a suposta finalização de um processo judicial. Ela desconfiou, pois o número não era o mesmo com o que costumava falar com seu advogado. “Inicialmente, até pensei que o telefone do meu advogado havia sido clonado, mas não, era um outro número com a foto dele. Mas fiquei impressionada, pois tinham meu telefone, meu CPF e os dados do meu processo”, conta.

A vítima não fez o Pix que, segundo o falsário, seria necessário para liberar o valor, e entrou em contato diretamente com o seu advogado. “Eu desconfiei, mas precisava confirmar. Foi um alívio falar com meu advogado, que confirmou que o meu processo continua em andamento. Não havia nenhum valor a ser recebido e, principalmente, que eu não deveria fazer nenhum Pix”.

De acordo com informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por hora, 4,6 mil pessoas são alvos de tentativas de golpe via mensagens ou ligações no Brasil. No caso do golpe do falso advogado, a principal defesa contra o golpe do falso advogado começa com a verificação da identidade do profissional. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disponibiliza a plataforma https://confirmadv.oab.org.br/, onde qualquer pessoa pode validar se o indivíduo da área de Direito está devidamente registrado. Para fazer isto, basta inserir o número da inscrição, estado e e-mail informado.

Segundo Emerson Duarte, especialista em Segurança da Internet e professor da Estácio, outras medidas essenciais podem ser tomadas, como desconfiar de contatos inesperados via WhatsApp, telefone ou e-mail, especialmente se houver urgência ou pressão para realizar pagamentos; e sempre procurar informações ou atualizações de seus processos junto ao escritório ou advogado contratado de forma presencial. Ele também comenta que é bom evitar a mera troca de mensagens ou ligações telefônicas.

“Antes de fazermos contato direto com o nosso advogado ou com o escritório dele é recomendável não efetuar transferências via PIX ou boletos. Também é bom confirmar dados bancários, caso aconteça a necessidade de qualquer pagamento, pois ele deverá ser feito apenas em contas vinculadas ao profissional ou ao escritório, nunca para terceiros e sempre com algum tipo de documento que explique ou justifique tal ação. Outra coisa que precisamos ficar atentos é não clicar em links suspeitos enviados e muito menos acessar documentos enviados por desconhecidos”, afirma o especialista.

Como os golpistas conseguem as informações

De acordo com Emerson Duarte, a fraude se baseia em Engenharia Social e no acesso a informações públicas, por exemplo, sites dos tribunais como o Processo Judicial Eletrônico (PJe); além do sistema de acompanhamento processual ESAJ (Sistema Eletrônico de Informações do Judiciário); PROJUDI (Processo Judicial Digital), entre outros que permitem a consulta de processos públicos e são algumas das potenciais fontes de informação usadas pelos golpistas.

O mesmo também ocorre em plataformas ilegais em sites localizados tanto na internet “regular” quanto na deepweb; que vendem dados pessoais como CPF, endereço e nome completo obtidas em vazamentos de dados de empresas que possuem cadastros de clientes e entre outros.

O que fazer em caso de ligação ou ameaça?

Ao receber uma ligação suspeita ou for ameaçado por alguém se passando por advogado é importante não fornecer dados pessoais como CPF, número de processo ou informações bancárias, além de salvar provas, como prints de conversas, áudios, números de telefone e documentos recebidos. Registrar um boletim de ocorrência, preferencialmente de forma presencial, ou pelos sites das delegacias especializadas em crimes cibernéticos é essencial, e por fim, bloquear o número do telefone e denunciar o contato em aplicativos como WhatsApp ou Telegram. 

Somado a isso, os idosos também devem ser conscientizados sobre segurança digital. Essa faixa da população representa 16% das vítimas de estelionato clássico, em que os criminosos usam da persuasão, de falsas identidades e da simulação de atendimentos para enganar suas vítimas e acessar seus dados, conforme dados de levantamento do Instituto DataSenado.

Por isso, é primordial a “alfabetização digital”: falar sobre como identificar sites seguros, evitar links suspeitos, não atender ligações de números desconhecidos e nunca confirmar ou compartilhar informações pessoais e senhas. 

Outra iniciativa interessante é criar canais de apoio familiar, incentivando que eles compartilhem qualquer contato estranho com filhos ou netos. Também é importante evitar exposição excessiva nas redes sociais, pois elas facilitam a coleta de dados por golpistas.

Onde denunciar esse tipo de golpe?

Além da polícia, há canais específicos para denunciar falsos advogados, como a OAB Nacional (https://fiscalizacao.oab.org.br/home/Denuncie).

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