Via Desinformante – Matheus Soares
Apesar de não ter se confirmado a presença massiva de conteúdos sintéticos nas campanhas políticas e na desinformação eleitoral deste ano, a Inteligência Artificial foi utilizada tanto por candidatos como por eleitores no primeiro turno das eleições para diversos fins e em diferentes formatos. Essa foi uma das conclusões presentes no relatório “IA no primeiro turno: o que vimos até aqui” divulgado pelo Observatório IA nas Eleições.
O documento buscou realizar uma avaliação da primeira parte das eleições municipais brasileiras a partir dos casos de usos de IA que aconteceram entre os dias 16 de agosto a 6 de outubro e que foram mapeados pelo observatório. Dentre os usos que foram identificados, chamam atenção:
- A aplicação ampla da tecnologia para produzir jingles ou para auxiliar na produção de conteúdo de campanhas com pouca verba;
- A criação de deepfakes produzidos pelo público com impacto relativamente reduzido, mas que mostram o potencial desinformativo para próximas eleições;
- Casos de deepnudes visando candidatas em diferentes municípios.
Em relação à desinformação, o relatório afirmou que, de maneira geral, não houve uso massivo da IA para criar desinformação e grande parte das fake news que circularam não usaram essa tecnologia na criação das peças. Mesmo assim, casos dos deepnudes mostraram como os conteúdos sintéticos podem reforçar a violência de gênero já sofrida por mulheres nos ambientes políticos.
“Isso parece apontar para uma necessidade clara de pensar na inteligência artificial como uma tecnologia que pode ser utilizada em conjunto com outras, não apenas para criação de imagens e peças, mas em diversas etapas do processo de produção e circulação de informação”, trouxe o documento.