De acordo com apuração de O GLOBO, a saída de Jean Paul Prates do comando da Petrobras já estava definida há semanas. Restava saber somente qual seria o “dia D”, que marcaria enfim sua demissão. A decisão de Lula de sacar o petista da presidência da maior empresa do país havia sido confirmada a ministros próximos há alguns dias, mas a troca foi mantida sob sigilo.
Ministros diretamente envolvidos no tema, Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), por exemplo, já haviam sido avisados de que a troca ocorreria em breve.
Rui Costa, inclusive, participou das tratativas para levar Magda Chambriard ao posto. Se a fritura de Prates foi pública e com alarido, as conversas para sua substituição foram conduzidas com enorme discrição.
Como Prates, a ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo (ANP) foi convocada a Brasília e reuniu-se com Lula.
Chambriard, próxima de Dilma Roussef, tem boa relação com diversos nomes do primeiro escalão do governo e sua chegada deve marcar a chegada de uma visão mais “nacionalista” na estatal.
RN
Fundamental para o retorno do protagonismo da Petrobras do RN, mesmo após a venda da estatal e transferência da operações para a 3R Petroleum, Prates tinha a aprovação de partidários do PT e dos sindicatos dos Petroleiros.
A Petrobras chegou a reativar em abril do ano passado o Edifício Sede Rio Grande do Norte (EDIRN), em Natal, e lançou um centro de estudo e desenvolvimento de tecnologias voltadas para parques eólicos, sobretudo offshores (em alto-mar), que vai funcionar na unidade.
Tido como possível candidato para substituir Fátima Bezerra no Governo do RN, Prates, reconhecidamente um dos mais influentes na temática energia, terá dificuldades de retornar para a política eleitoral, tendo em vista a forma como foi expulso do Governo Lula.
O Rio Grande do Norte que tinha um certo cuidado de Prates sobre a produção de petróleo e outras fontes de energia, tende, a partir de agora, a ficar isolado neste assunto e sem boas perspectivas.
Ministros palacianos não escondiam que a saída de Prates era questão de tempo. Mesmo com a demora de Lula em tomar a decisão final, a percepção era que ele não chegaria à metade do ano, segundo relato de um auxiliar de Lula.