Muita gente vem questionando durante a campanha eleitoral por quê o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) ainda não subiu no palanque nem anunciou apoio à candidatura do neobolsonarista Fábio Dantas ao Governo do Rio Grande do Norte.
Até as areias do Morro do Careca sabem que Álvaro e Fábio estão do mesmo lado, na companhia de Jair Bolsonaro e de Rogério Marinho, duas carnes de pescoço que não descem redondo pela garganta do povo nordestino e, no caso específico do ex-ministro, do povo potiguar.
Nos últimos dias, porém, uma força-tarefa foi montada para tentar evitar uma humilhação ainda maior ao ex-vice-governador de Robinson Faria, em terceiro lugar nas pesquisas, atrás da atual governadora Fátima Bezerra e do senador Styvenson Valentim, candidato que abriu mão do tempo de TV e Rádio, passa o final de semana em casa e só aceitou disputar a eleição após autorização da mãe, segundo ele mesmo informou em entrevista.
No domingo, a assessoria de Fábio Dantas bem que tentou forçar a mão e confirmar o apoio do prefeito ao candidato, logo após o ex-senador José Agripino Maia publicar uma foto cheia de entusiasmo ao lado dos dois, na casa de Álvaro.
Em poucos minutos, a equipe de Fábio foi desautorizada e precisou enviar para a imprensa uma mensagem desdizendo o que o ex-vice de Robinson está louco para dizer.
Mas o que houve entre Fábio e Álvaro, que impede, pelo menos até o momento, a oficialização do apoio entre os dois ?
A treta vem de 2015 e tem relação com a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa daquele ano. Era início do governo Robinson e o comando da Casa estava sendo disputado por três candidatos: Ricardo Motta (PROS), Ezequiel Ferreira (PMDB) e Álvaro Dias (PMDB). Motta tinha acumulado dois mandatos na presidência durante o governo Rosalba e desejava continuar. Álvaro Dias também tinha passado pela principal cadeira do legislativo estadual, entre 1997 e 2003, durante os governos Garibaldi e Fernando Freire.
Nas conversas e negociações por apoios, Fábio Dantas fechou acordo com Álvaro. Mas na maciota, longe do holofotes, repassava informações da campanha interna de Dias a Ezequiel Ferreira, que acabou eleito e permanece ainda hoje sentado na cadeira.
Os adversários políticos de Álvaro Dias podem encontrar vários defeitos nele como homem público, mas quem conhece o prefeito de Natal de perto diz que lealdade e palavra empenhada são predicados inegociáveis ao longo de sua trajetória.
Álvaro não perdoou a traição do colega e, nos últimos meses, revela abertamente os motivos pessoais que o fazem não apoiar o governador de Rogério Marinho.
Mas, e as razões para ter se deixado fotografar ao lado Fábio e de José Agripino domingo passado ?
Neste caso, a explicação é financeira e tem cheirinho de chantagem. Álvaro Dias tem empenhado todos os esforços e a tinta da caneta da prefeitura de Natal para eleger o filho Adjuto Dias, filiado ao MDB e candidato a deputado estadual.
Acontece que a sigla, presidida no Estado por Walter Alves, concentrou o maior bolo do recursos do fundo eleitoral em poucas candidaturas e deu preferência a Garibaldi, pai do presidente do partido e candidato a deputado federal.
O apoio a Fabio agora, a menos de 20 dias da eleição, estaria mais condicionado a uma chantagem do que um a desejo de ver Dantas subindo a rampa da governadoria em 2023.
Fábio Dantas está sendo usado por Álvaro Dias para pressionar o MDB e, pelo sorriso da fotografia, parece não se importar com o método.
Uma história real de traição, ameaça, falsidade, chantagem…. a política do Rio Grande do Norte nua e crua, como ela é.