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quarta-feira, 24 de dezembro, 2025
Por Vonúvio Praxedes
quarta-feira; 24 dezembro - 2025

Entre o poder e o silêncio: o RN descobre que o rei está nu

Todos percebem que há um problema de sucessão

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Na fábula “O rei está nu”, todos veem, todos sabem, mas quase ninguém ousa dizer. O medo de contrariar o poder mantém a encenação, até que alguém rompe o silêncio. No Rio Grande do Norte, o enredo político começa a ganhar exatamente esse contorno.

Com a sinalização de que Walter Alves não deverá assumir o Governo do Estado, a decisão de Fátima Bezerra de se desincompatibilizar para disputar o Senado e a ausência de interesse de Ezequiel Ferreira em ocupar o Executivo (priorizando a própria reeleição), o sistema governista passou a conviver com um vazio político que já não cabe mais debaixo do tapete. “Existe um bode na sala do PT”, diria um colega meu.

Todos percebem que há um problema de sucessão. Todos comentam nos bastidores. Todos fazem contas eleitorais. Mas, até então, quase ninguém havia verbalizado isso publicamente. A encenação seguia: discursos de normalidade, gestos calculados e a tentativa de sustentar uma narrativa institucional que já não se fecha.

Foi nesse contexto que João Maia, nas declarações do final de semana, fez o papel da criança da fábula. Ao afirmar que Walter não assumirá o governo e ao apontar para um redesenho claro do projeto político, João Maia expôs aquilo que muitos viam, mas evitavam dizer. Sem rodeios, na simplicidade “como diz o outro”, deu detalhes à cena e mostrou que o “rei” ou seja, o atual arranjo sucessório, está nu. “É o combinado”, pontuou.

O “rei”, aqui entendido como o projeto de continuidade do sistema governista, segue caminhando sem vestes sucessórias definidas. Não há quem queira assumir o cargo, não há quem queira herdar o desgaste de um Estado com sérias dificuldades fiscais, e não há mais como fingir que a transição está pacificada. O grupo petista afirma que na campanha vai defender o legado de Fátima; E Cadu, escalado como pré-candidato, segue firme na missão.

A fábula ensina que o constrangimento não está em admitir a nudez, mas em insistir na farsa coletiva. João Maia apenas disse em voz alta o que já era consenso em off. O resto é silêncio constrangido e a confirmação de que, no RN, todos já sabiam que o rei estava nu e agora é aguardar para sabermos quem irá vesti-lo.

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