Por Aldo Fernandes
A educação brasileira vive um ponto de inflexão. Se a pandemia nos obrigou a buscar, emergencialmente, ferramentas para garantir o direito de aprender, hoje o desafio é outro: usar a inteligência artificial como aliada estratégica da educação pública, potencializando aprendizagens, personalizando trajetórias e tornando o trabalho docente mais eficaz.
A IA já está presente nas escolas, na formação de professores e nas políticas públicas, oferecendo oportunidades inéditas de inovar o ensino, apoiar o planejamento pedagógico e melhorar a gestão das redes. Ainda convivemos com contradições: normas que proíbem o uso do celular em muitas escolas limitam uma das principais ferramentas pedagógicas de inclusão digital e aprendizagem significativa. É preciso transformar essas ferramentas em aliados, promovendo equidade e democratizando o acesso ao conhecimento.
Essa questão foi debatida na Reunião do Conselho Nacional de Educação, nessa semana em Recife/PE, e reflete a ideia da atual gestão de Natal, qual seja, integrar a IA de forma ética, pedagógica e inclusiva, conectando tecnologia, inovação e aprendizado com propósito humano. A intenção é garantir que a inteligência artificial não seja apenas recurso tecnológico, mas instrumento de transformação educacional, capaz de apoiar a construção de uma escola mais justa e eficiente.
A Resolução CNE nº 2/2025 trouxe reflexão importante sobre o uso da IA, estabelecendo limites e orientações iniciais, mas é urgente avançar com políticas concretas, dentre as quais: formação continuada de docentes, investimentos em infraestrutura tecnológica, protocolos de segurança digital e diretrizes que orientem nossas redes sobre o uso responsável dessas ferramentas. Só assim será possível integrar inovação à prática pedagógica de forma consistente e segura.
Durante a pandemia, a tecnologia foi ponte que manteve a comunidade escolar conectada. Hoje, deve ser a base para uma nova etapa de reconstrução e inovação educacional. O que antes foi improviso precisa se tornar política pública estruturada, planejada e sustentável, visão estratégica e compromisso com resultados de aprendizagem reais.
O desafio que se apresenta não é apenas tecnológico, é pedagógico, ético e político. Transformar a inteligência artificial em inteligência educacional significa abrir caminhos para uma escola pública inclusiva, humana, de qualidade e conectada ao futuro que já começou. É hora de fazer da inovação digital uma aliada permanente da educação brasileira, garantindo que todos os estudantes tenham acesso às ferramentas do século XXI e que os professores sejam protagonistas da transformação.
Aldo Fernandes de Sousa Neto
Secretário Municipal de Educação de Natal, Conselheiro Nacional de Representantes da UNDIME/RN e membro do CONSEC