A pré-campanha do secretário da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, Cadu Xavier (PT), decidiu apostar todas as fichas na força do lulismo no Rio Grande do Norte. Com o slogan “Cadu de Lula”, a estratégia é clara: colar sua imagem à do presidente, que segue com forte capital eleitoral no estado e, sobretudo, no Nordeste.
O movimento ao que parece é inédito, visto que nunca foi testado aqui no RN em outras eleições, e sim, carrega riscos. Até aqui, as pesquisas não apontaram evolução significativa do nome de Cadu, que segue discreto na corrida sucessória. A aposta da base governista é que o peso de Lula nas urnas possa transferir votos e garantir um crescimento consistente ao longo da campanha.
O desafio, contudo, é que Cadu vem de uma pasta considerada técnica e pouco afeita à mobilização popular. A Secretaria da Fazenda, historicamente, não gera comoção política. Pelo contrário: é lembrada por medidas impopulares, ajustes fiscais e cobranças tributárias. Transformar esse perfil em capital eleitoral exige mais do que a chancela presidencial, demanda narrativa, presença em campo e habilidade para se conectar com o eleitor comum. Habilidade, diga-se, que Cadu tem melhorado, basta ver as redes sociais e entrevistas dele.
Há otimismo no grupo da governadora Fátima Bezerra de que essa estratégia dê resultados, mas a realidade impõe cautela. Isso porque o nome “Cadu de Lula” pode abrir portas entre o eleitorado fiel ao petismo, por outro, há o risco de que a candidatura fique restrita ao papel de “apêndice” do presidente, sem demonstrar musculatura própria.
No tabuleiro político de 2026, em que a polarização entre lulismo e bolsonarismo tende a ser ainda mais acentuada, Cadu vai precisar provar que é mais do que o candidato “ungido” por Lula e Fátima. Seu desafio é transformar o peso simbólico da marca Lula em luz do sol com voto real, sob pena de ser lembrado apenas como o secretário da Fazenda que tentou ser governador na sombra de um líder nacional.