O economista Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia do governo Jair Bolsonaro, afirmou em entrevista ao Meio-dia TCM/95 FM, nessa terça-feira (23), que o Brasil vive hoje um cenário de “gastos excessivos” e de “aumento recorde da carga tributária”, o que pode levar o país a uma nova crise econômica semelhante à enfrentada nos anos de 2015 e 2016.
Conectado ao vivo de Brasília, Sachsida disse que o governo atual recebeu uma “herança bendita” das reformas feitas entre 2016 e 2022. Ele citou o novo marco do saneamento, da cabotagem, do gás e a autonomia do Banco Central como exemplos de medidas que, segundo ele, consolidaram as contas públicas, reduziram a dívida e permitiram a retomada de investimentos.
“O governo atual só tem uma agenda: gastar mais. Já foram 25 medidas que criaram ou aumentaram tributos desde 2023. Nunca se tributou tanto no Brasil. Só que, mesmo assim, as contas públicas continuam piorando”, disse.
Juros altos e impacto na população
Sachsida criticou a taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano, e explicou que, nesse patamar, o crédito fica inviável para pequenos empreendedores.
“Com juros a 15%, ninguém investe em negócio. O empresário prefere deixar o dinheiro no banco. Quem já tem empresa sofre porque não consegue pagar as contas, e quem sonha em abrir uma, não consegue financiamento”, ressaltou.
O ex-ministro comparou o cenário atual com o período em que a taxa Selic chegou a 2%, no governo Bolsonaro. Para ele, os juros baixos à época estimularam a economia, abriram espaço para microempreendedores e reduziram o custo de vida.
Inflação e custo de vida
Ao comentar os preços elevados, Sachsida lembrou medidas de 2022, quando houve redução de tributos sobre energia, combustíveis e telecomunicações. Segundo ele, a política adotada resultou em três meses seguidos de deflação.
“Não existe política social melhor do que baixar o preço da energia, do combustível, da conta de luz. O pobre sente no bolso quando vai ao supermercado e só consegue levar duas sacolas por valores altíssimos”, afirmou.
Reforma tributária
Sachsida também demonstrou ceticismo quanto à reforma tributária em andamento no Congresso. Para ele, as mudanças vão penalizar pequenas empresas.
“Todo mundo que está no lucro presumido vai pagar mais imposto. Essa reforma vai empurrar todos para o lucro real. Quem vai pagar a conta é o pequeno empresário”, alertou.
Comparação com 2014
O economista comparou a política de gastos atuais com a adotada no governo Dilma Rousseff em 2014.
“O governo vai gastar mais de R$ 100 bilhões em 2026 para tentar se reeleger. Só que, em 2027, virá o ajuste. Já vimos esse filme: gastar para se reeleger e depois jogar o Brasil numa crise”, disse, citando o colapso fiscal de 2015 e 2016.
Política externa e relação com os EUA
Sachsida também comentou o aumento de tarifas americanas sobre produtos brasileiros. Ele atribuiu o movimento às escolhas diplomáticas do governo Lula.
“O Brasil tinha tarifa baixa em abril, mas depois das falas do presidente sobre se aproximar de China, Rússia e Irã, os Estados Unidos retaliaram. Foi mais um erro de política externa”, analisou.
Perspectiva para 2026
Sobre o cenário político, Sachsida apontou que apenas uma grande coalizão pode vencer o presidente Lula. Segundo ele, o nome capaz de unir a oposição é o do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“A única pessoa que pode derrotar Lula chama-se Jair Messias Bolsonaro. Ele deveria assumir um compromisso de governo de transição, reorganizar as contas públicas e, em 2030, entregar o país pacificado a uma nova geração de líderes”, defendeu.
Assista a entrevista na íntegra: