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Mossoró
sexta-feira, 19 de setembro, 2025
Por Vonúvio Praxedes
sexta-feira; 19 setembro - 2025

Audiência pública reacende cobrança pela conclusão da Estrada do Cajueiro e define ida a Brasília

DNIT afirma que projeto executivo da BR-437 já está aprovado e falta licença do IBAMA

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A Câmara Municipal de Mossoró levou, nesta sexta-feira (19), sua 10ª audiência pública da 20ª Legislatura para o Polo Jucuri, zona rural do município, e recolocou no centro do debate a pavimentação da BR-437, a Estrada do Cajueiro, via que liga Mossoró (RN) ao Vale do Jaguaribe (CE). O encontro, proposto pelo vereador Vladimir Cabelo de Negro, reuniu vereadores e gestores de Mossoró, Baraúna, Tabuleiro do Norte e Limoeiro do Norte, além de representantes do DNIT e lideranças comunitárias.

“Estamos falando em crescimento, em geração de emprego e renda. Essa estrada aproxima Mossoró de um polo do tamanho de Natal em um raio de 80 quilômetros”, afirmou o presidente da Câmara, Genilson Alves, ao defender o impacto regional da obra e cobrar presença de parlamentares federais: “Quem deveria estar aqui também são os deputados federais e estaduais. Cadê esse povo?”.

Licenciamento: “na cara do gol”, diz DNIT

O superintendente do DNIT no RN, Weidei Rocha, informou que o projeto executivo da BR-437 já está aprovado e que o licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA encontra-se na fase final de estudos:

“Em 2012 já havia projeto aprovado. Hoje, para protocolar o EIA/RIMA, estamos concluindo o terceiro módulo de fauna (seco, úmido e chuvoso). Ao encerrar em 29 de novembro, protocolamos o estudo no IBAMA.”

Segundo ele, o IBAMA deverá convocar audiência pública específica para ouvir as comunidades do traçado. Weidei ressaltou que o DNIT realizou manutenção pesada no trecho potiguar, com base e sub-base já preparadas: “Quando a obra começar, pouca coisa exigirá intervenção mais profunda”.

Audiência referente a estrada do cajueiro – imagem: CMM

Ceará leva “rubrica” ao Orçamento 2025 e pede inclusão no PAC

Do lado cearense, o secretário Caí Pessoa (Tabuleiro do Norte) relatou que o projeto de 58,9 km no CE está aprovado, orçado em cerca de R$ 196 milhões, e já possui rubrica no Orçamento de 2025 — “R$ 100 mil simbólicos para abrir a rubrica”, disse — graças à articulação da bancada federal do estado. Ele defendeu ação coordenada:

Precisamos inserir os projetos do RN e do CE no PAC Obras. Sem isso, não chegaremos à ordem de serviço.”

Voz das comunidades: “Asfaltem essa estrada”

Moradores relataram décadas de promessas, atoleiros no inverno, interrupção de aulas, assaltos e dificuldade de acesso a serviços de saúde. A líder comunitária Iselda dos Santos fez um apelo em série:

Em nome de quem acorda de madrugada para trabalhar; em nome das crianças que precisam ir à escola; dos produtores que escoam sua produção; dos doentes que buscam tratamento; e dos idosos que pagaram impostos a vida toda: asfaltem essa estrada.”

A viúva do ex-prefeito de Baraúna Edson Barbosa, Graça Luz, entregou aos organizadores um memorial com recorte histórico de mobilizações entre 2003 e 2012: “Edson lutou 32 anos pela Estrada do Cajueiro. Que esse legado ajude a tirar o projeto do papel.”

Divergências e cobranças

O vereador Raimundo do Poço Novo (Baraúna) sugeriu nota de repúdio à ausência de parlamentares federais:

Essa estrada é sonho de mais de 50 anos. Mandamos requerimentos a deputados e senadores. Ninguém apareceu, nem justificou.

O vereador Valdir Suburbão (Limoeiro do Norte) resgatou o histórico de mobilizações desde 1993 e defendeu audiência similar no Ceará: “Temos de mobilizar os dois lados. Água mole em pedra dura…”.

Houve choques de posição. O vereador Jailson Nogueira (Mossoró) questionou a efetividade de audiências — “não vamos sair daqui do mesmo jeito?” — e recebeu respostas de colegas e lideranças sociais pedindo respeito ao esforço coletivo: “Não se resolve nada em uma sentada… vamos sentar dez, quinze, vinte vezes, até a estrada sair”, rebateu Chico do Sindicato.

O vereador Cabo Davidson pautou segurança pública e abastecimento d’água, sugerindo iluminação na rodovia e patrulha rural. Em réplica, a organização lembrou intervenções recentes em poços e as dificuldades técnicas de operação.

Por que importa

Além da integração Mossoró–Vale do Jaguaribe, a BR-437 liga a BR-304 à BR-116 (Santos Dumont), encurtando distâncias para fluxo de pessoas, escoamento agrícola e cadeias industriais da Chapada do Apodi, com reflexos no porto do Pecém via corredor ferroviário em implantação no Ceará. “Tabuleiro tem mais de mil caminhoneiros; essa via é vital para o polo multissetorial do Jaguaribe”, resumiu o vereador Lucieldo Sena.

Encaminhamentos aprovados

Ao final, o proponente Vladimir Cabelo de Negro anunciou um pacote de medidas:

  • Criação de uma Frente Parlamentar Mista (vereadores do RN e CE), com participação de representantes municipais, estaduais e federais.
  • Agenda em Brasília: reuniões no IBAMA e IDEMA para acelerar o licenciamento; articulação junto ao Ministério do Planejamento e coordenação do PAC para reservar recursos da obra.
  • Realização de audiência no Ceará para regionalizar a mobilização.

Sete décadas já é tempo demais. Vamos transformar sonho em realidade com organização, pressão e calendário”, disse Vladimir.

VEJA A AUDIÊNCIA NA ÍNTEGRA

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