Por Alexandre Fonseca
Acostumado a pensar muito antes de agir (uns dizem ser defeito), sempre me falta a reação correta e imediata quando algo inesperado acontece. Vem a súbita situação, deixo a desejar numa resposta adequada e fica aquele infortúnio martelando na minha cabeça o dia inteiro.
“Meu Deus, por qual motivo eu não soube contra-argumentar?”
Já passou por isso?
No passado, numa época de descobertas… aplicação da maturidade, chamaria o indivíduo para uma conversa franca e ponto final. No presente, tenho desenvolvido minhas relações com a exclusão do que é desnecessário. Lembra quando tratei sobre ciclos? Então… (Se não recorda ou não leu, volte algumas publicações, por favor). Após um certo tempo de vivências terrestres, criei o hábito de gastar os minutos das horas dos dias, com valorosidades. O que não agregar, não agregará! Eu apago instantaneamente.
Vamos então ao caso da vez: fui confrontado com uma afirmação de seguir procedimentos específicos em algumas ocasiões da vida, por puro ego, com o objetivo de inflar a minha personalidade. Preocupado com os meus afazeres, ou por conveniência, não refutei. O egocêntrico, a meu ver, é aquele que passa por cima, que pretende derrubar o próximo, um mau-caráter. Cá comigo, nas análises interpessoais, não me enquadro. Nunca alimentei tais pretensões. E sim, por todo o treinamento que obtive com o passar dos anos, sei rigorosamente a competência que possuo, resultado de treino, foco e paixão pelo que costumo construir. Quando se cria uma autoestima sobre si, talvez no outro que falta, incomode.
Sinceramente, estava apenas feliz por conseguir elaborar algo que deveria ser uma regra e não uma exceção. Atitude que carrego em diversas instâncias do dia a dia. Depois, parando pra pensar, o que teria sido colocado em cheque, com um tom de inocência, estava carregado, na verdade, de acidez. Prefiro até não discorrer acerca dos detalhes, pois, quero um texto mais enxuto.
Você me pergunta: Alexandre, qual a sua pretensão em escrevê-lo?
Te respondo: com o único propósito de pontuar a faceta poderosa de uma palavra e como uma afirmação pode ser capaz de encerrar etapas comunicacionais.
É indiscutível ter consciência da forma como se expressa em qualquer ambiente. Quando o espaço de dignidade do colega é ferido, violado, mesmo que só percebido de maneira tardia, ainda é um problema que permeia naquele contexto. O ego utilizado, vai gerar consequências, ou melhor, já gerou.
Não soube me impor naquele instante, porém, não pretendo me impor depois. Preferi escrever. É assim que estou lidando com os episódios adversos da minha vida. Uma atitude provisória, prometo repensar quando o momento certo for oportuno.
Não considero infantilidade o modo como escolho agir com o que não me agrada. Concordando ou discordando, tenho meus direitos de singularidade humana. E no fim, só me vejo selecionando minuciosamente a racionalização das minhas energias.
Existe um lado contraditório? Com toda certeza! Tendo em vista que quando decido eliminar a raiz do problema do meu convívio social, sem de fato resolvê-lo, o psicológico me sabota, fazendo o cérebro mastigar o ocorrido, repetidas vezes. Sou o meu próprio oposto e já aceitei essa condição.
No entanto, nada remove ou invalida a forma como me sinto.
Preciso finalizar dizendo: do mesmo jeito que a palavra aproxima, ela também tem o domínio de distanciar. É crucial saber onde e como aplicá-la.
Alexandre Fonseca é jornalista, cineasta, escritor e produtor cultural.