Por Michael Charles/ AGORA RN
“Comecem os jogos”. A frase famosa da franquia Jogos Vorazes resume bem o cenário que se desenha na política brasileira. Com o aumento de vagas para deputados, o jogo parece oferecer mais espaço. Mas atenção: com mais cadeiras, também vêm mais jogadores. E a disputa, longe de ficar mais fácil, pode se tornar ainda mais acirrada. Veja publicação original clicando AQUI.
Em vinte anos, o número de candidaturas para deputado federal mais que dobrou no Brasil. Foram 4.902 em 2002 e 10.630 em 2022. A curva ascendente começou em 2010. Na última eleição, em 2022, 10.630 candidaturas disputaram as 513 cadeiras, ou seja, 20,7 por vaga. Para deputado estadual, os números foram menores, embora aumentem desde 2010. Em 2022, foram 16.737 candidaturas, para 1.035 vagas, portanto, 16 candidatos disputando uma cadeira legislativa nos estados brasileiros.
No Rio Grande do Norte, os números são parecidos para a disputa à câmara federal. Em 2002, foram 89 candidatos. Pasme: em 1998 foram somente 47 concorrendo, 5,8 por vaga. Já em 2022, 187 disputaram. A concorrência para uma das oito vagas da representação em Brasília saiu de 11,13 em 2002, para 23,38 por vaga, em 2022. Na última eleição do século XX, em 1998, foram 128 candidaturas para deputado estadual. Na eleição seguinte em 2002, subiu para 233. Diminuiu nas duas eleições seguintes – em 2006 e 2010 – mas voltou a crescer desde 2014. Em 2022, 320 candidatos concorreram às vinte e quatro cadeiras da casa legislativa estadual. A disputa por vaga migrou de 9,71 para 13,3, praticamente a mesma de 2018, quando 330 se candidataram à ALRN.
Os dados demonstram que as novas vagas poderão render mais pressão, principalmente aos partidos, pois é factível um crescimento de candidaturas a cada eleição. O novo incremento de vagas é somente de 25%, de 8 para 10, mesmo percentual para ALRN, que terá 6 novas cadeiras a partir do próximo ano. É necessário observar com mais profundidade a dinâmica eleitoral, como os votos válidos e a concorrência por vaga. O número de assentos é limitado. O número de concorrentes, não. Outro ponto é a abstenção, entre 16% e 18% a cada eleição.
A única variável controlável é o trabalho dos pré-candidatos a partir de agora, com o cidadão cada vez mais conectado e informado. Reputação, capital político, base eleitoral, entre outros pontos que envolvem a estratégia política já começam a fazer parte do jogo. A sorte está lançada.
Michael Charles é estrategista de imagem digital