*Por Alexandre Fonseca
Foram cinco dias de conflitos ininterruptos (de relações rompidas e de casos banais), buscando compreender a razão de tantas situações estressantes e desestimuladoras. Sabe quando a gente se pergunta o motivo do surgimento de vários contextos ruins? Aqueles problemas que chegam um atrás do outro? Pois bem! É a minha vez de ocupar a cabeça com alguns questionamentos.
Fui desabafar nas redes sociais e me apresentaram o termo “mercúrio retrógrado”. É um período sombrio de ações hostis acontecendo na vida humana. Segundo as pesquisas que realizei sobre o assunto, o ano de 2022 carrega quatro fases específicas, capazes de transformar as suas vivências em grandes interrogações. Ocorrem entre os meses de janeiro, maio, setembro (sim, estamos aqui!) e dezembro.
Fiquei assustado! Quanta coincidência colecionar momentos desestruturantes em tão pouco espaço de tempo. Sim, desde o início do ano tenho me deparado com amizades (para não usar outra palavra) desfeitas, ciclos restruturados, desconforto em determinados ambientes e desinteresses no geral. Mas lembrei das verdades dos dias em que nunca serão só compostos de alegrias e de episódios satisfatórios. Que talvez, apenas não esteja mais habituado às velhas circunstâncias, pelo simples fato de experienciar um processo de transição constante. Não quero mais consumir ou viver absolutamente nada que me deixe fora do meu estado normal de convivência.
Talvez os acontecimentos desagradáveis estão ligados também, a minha recente habilidade adquirida de dizer não para aqueles que me tinham na lembrança somente em pedidos de favores, na hora do perrengue. É que cansei da “amizade” que sufoca, que quer impor, que se enxerga com superioridade, que se sente determinadora. E você deve saber, que após tomar decisões de afastamento das pessoas que considera tóxicas, deixa de atingir as expectativas do outro, de inflar a vaidade do outro e se torna desnecessário. Logo não sou perfeito, devo ter minha parcela de culpa nisso tudo, principalmente, em criar um cenário de disponibilidade que não duraria, considerando o caráter de mão única e aproveitamento de boas intenções para comigo. No fim, acabo me decepcionando, por entender que ainda não consigo identificar boas escolhas para afetividades.
Como se não bastassem as dores de cabeça com os humanos, o “mercúrio retrógrado” tem me feito sofrer com as banalidades da vida. É pneu de bicicleta que fura, remenda, fura, remenda, estoura. É baixa produtividade com assuntos pessoais. É cancelamento de atividades importantes. É a percepção de que estou cada vez mais chato… Nossa, tenho uma lista! No entanto, prefiro imaginar que a sucessão de fatos negativos, são castigos gerados como consequências dos erros mundanos que costumo cometer. Estou em uma confusão mental, cheio de dúvidas sem respostas e sem explicações aceitáveis para tantos eventos nocivos. Uma confusão igual as minhas palavras.
Sempre que escrevo um texto para a “Coluna Dilemas”, tento finalizar com algum ensinamento ou ponto de vista que te faça refletir algo. Diante de tudo que relatei, continuo dizendo com a força do pensamento, que todos os feitos positivos experienciados, ultrapassam em valores as situações destrutivas que andei vivendo durante os últimos cinco dias. É melhor acreditar que isso vai passar logo (setembro está acabando!) e procurar fugir de um dezembro conflitante. Chega do teor retrógrado que Mercúrio pode desempenhar!
Na verdade, temos que atingir a percepção dos problemas existirem para nos modificar. Que as escolhas que fazemos querendo alcançar o caminho da paz, nem sempre terão efeitos imediatos. Quando as adversidades e os contratempos forem surgindo aos montes, cabe a nós administrá-los com calma e saberia. Ir resolvendo como puder. Com as soluções ocupando a cabeça, os questionamentos irão diminuir. E tenho certeza, que você finaliza esta leitura aprendendo um novo termo e compreendendo a razão do mês está tão difícil. Vai passar, acredite!
Alexandre Fonseca é jornalista, cineasta, escritor e produtor cultural.