O melão produzido na área livre de Mossoró inicia nova etapa no plano para alcançar a meta de ingresso no mercado da China. Para isso, empresários e representantes de entidades da fruticultura participam de missão empresarial no país asiático. O propósito é fortalecer a aproximação comercial e prospectar compradores para a fruta potiguar. A atividade é coordenada pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e participação do Sebrae no Rio Grande do Norte.
Em Xangai desde segunda-feira (12), a comitiva brasileira seguirá na cidade até a próxima segunda-feira (19), participando de intensa programação. São visitas técnicas a centros atacadistas de distribuição de frutas, supermercados e importadores. Esse intercâmbio visa conhecer o mercado, compreender hábitos de consumo chinês e identificar possíveis compradores para o melão de Mossoró. O grupo também participará, no dia 19, da SIAL Xangai, maior feira de alimentos e bebidas da Ásia, no Novo Centro Internacional de Exposições de Shangai.
Além do Sebrae RN, Abrafrutas e Apex Brasil integram a comitiva brasileira à China o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex), secretário de Agricultura do RN, Guilherme Saldanha, prefeito de Mossoró, Alysson Bezerra, secretário de Agricultura de Mossoró, Faviano Moreira, e empresários do setor.
O gestor de Fruticultura do Sebrae RN, Franco Marinho, frisa que a missão empresarial compõe mais uma etapa do planejamento estratégico para inserção do melão potiguar no mercado chinês. De acordo com o representante do Sebrae na comitiva, conhecer in loco as necessidades e características de consumo dos asiáticos é decisivo para a conquista de espaço pela fruta potiguar.
“O Sebrae participa desse processo de inserção do melão de Mossoró no mercado chinês desde o início, com apoio à indicação geográfica, consultorias, orientação técnica e de acesso a mercado. Aqui em Xangai, damos mais um passo importante. Nós, instituições de apoio e empresários, estamos tendo a oportunidade de entender melhor o funcionamento do mercado, os hábitos de consumo, prospectando compradores e entendendo, de fato, como é o produto que o consumidor chinês consome. Compreender esses aspectos permitirá que sejamos mais assertivos na hora de enviar nossas frutas, com embalagens adequadas e características que conquistem os clientes na China, permitindo a consolidação do novo mercado para o melão de Mossoró – um produto genuinamente Feito Potiguar – na conquista de novos mercados”, explica.
Expansão
O mercado da China é considerado estratégico para ampliar as oportunidades comerciais do melão brasileiro. Com população de 1,4 bilhão de habitantes, o país asiático é o maior produtor de melão do mundo, com média de 10 milhões de toneladas anuais. Apesar disso, em virtude de condições climáticas severas entre outubro e abril, os chineses ficam sem produzir a fruta, o que abre excelente janela de oportunidade ao melão brasileiro.
Para Fábio Queiroga, presidente do Coex, o melão de Mossoró possui condições ideais e diferenciais competitivos que tendem a contribuir com a expansão junto ao mercado chinês. Nesse contexto, segundo o gestor, restará a superação daquele que é apontado como o principal gargalo do setor: a logística.
“Nosso melão possui qualidade diferenciada de sabor e atende a requisitos fitossanitários. Aqui (na China), pudemos obter informações para ajustar nosso modelo de produção, de embalagens. Então, queremos vencer a dificuldade, que é a logística, para chegar na China, com igual qualidade e conquistar o consumidor chinês. Isso significará diversificação de mercado e mais oportunidades para os produtores”, frisa Queiroga.
Oportunidade
Anualmente, o Brasil produz 340 mil toneladas de melão, com o Rio Grande do Norte figurando como maior produtor e exportador da fruta no país. O melão produzido na área livre de Mossoró é a primeira fruta brasileira a ter autorização para comercialização com a China. Obteve essa certificação há quatro anos. Recentemente, a uva produzida no Vale do São Francisco também foi habilitada a exportar para o mercado chinês.
O empresário Evandro Borgato é um dos produtores que integra a comitiva de instituições e produtores de melão à China. Há 16 anos no mercado à frente da Viva Agrícola, ele avalia que a agenda no país contribuirá significativamente para ampliar a participação da empresa no mercado externo. Apoiado pelo Sebrae RN, ele acaba de enviar o primeiro contêiner-teste para a Europa, e acredita que a participação na missão empresarial impulsionará as exportações do negócio.
“Há cerca de dois anos, tive o desejo de ampliar os horizontes e começar a exportar. Foi quando eu tive o apoio do Sebrae, me preparando para certificação de exportação. O Sebrae me ajudou em algo que eu conseguiria sozinho em cinco ou seis anos, e eu estou conseguindo em menos de dois anos. A gente imaginava apenas no continente europeu, e estamos aqui, nessa missão para a China, para que, quando viabilizar a logística, a gente já comece a enviar também para cá, gerando mais oportunidades”, pontua.
Ainda nas estratégias para fortalecimento da parceria comercial que prevê o envio do melão potiguar ao mercado chinês, a missão internacional prospecta formação de comitiva de empresas chinesas para participação na 22ª edição da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit). O evento ocorrerá entre os dias 20 e 22 de agosto, na Estação das Artes Elizeu Ventania, em Mossoró, e é referência internacional no segmento.
