Por Alexandre Fonseca
Antes de qualquer coisa, peço licença, visto que, escreverei um pouco na primeira pessoa. Necessito abordar uma história de forma menos poética e mais objetiva. Acredito que será relevante para alguns. Grato!
Como inúmeras palavras oriundas do latim antigo, negligência está contida nos dicionários com a descrição relacionada a falta de cuidado, desatenção e desleixo. Substantivo que pode ser agenciado em situações diversas do dia a dia, todas, com uma certa intensidade de caos e desordem. Sua aplicabilidade é tão acessível, que não há limites para a enxurrada de contextos absurdos em que possa ser inserida. Disponho de um exemplo!
Tem pouco tempo que me negligenciaram um direito de resposta transparente e efetivo, gerando um forte ponderamento sobre as consequências a longo prazo de certas atitudes tomadas com nenhuma preocupação em meu bem-estar. Diante disso, precisava retratar aqui na “coluna Dilemas”, o quanto fui resiliente e através da minha escrita, tentar alertar outras pessoas a driblarem vivências com profissionais que operam por meio da omissão.
Nos últimos cinco anos, em uma determinada época, costumo repetir todos aqueles exames de rotina pra checar a saúde. Me desloquei até o clínico geral, solicitei, aguardei os resultados e quando saíram, apresentei primeiro a minha nutricionista. As taxas mostraram algumas inconsistências, a profissional pediu então, que ao retornar para o médico, fosse requerido um novo documento com o propósito de refazer a coleta de sangue e comparar as informações. Erros de laboratório ocorrem casualmente.
Existia uma suspeita que carecia ser comprovada mediante novas análises. Cumprindo meu dever de paciente, mostrei os resultados para o clínico geral em seguida. Todavia, me enxerguei em um cenário preenchido pela falta de sensibilidade. Não fui ouvido! Não foi averiguado o histórico e o motivo por trás daquelas dúvidas. Acabou que saí de lá sem o papel para replicar os procedimentos.
Como se já não bastasse, ao que parece, a solução dos meus problemas estava em um remédio manipulado numa farmácia da qual o mesmo é parceiro. Rejeitei o medicamento de imediato, logo após ter recebido um julgamento grotesco. Me deu uma sentença errônea: isso aí é muita cerveja e refrigerante, disse. Mal sabe ele que não tenho o hábito de consumir tais produtos. Não me ouviu, como poderia ter conhecimento?!
Não estava satisfeito, claro! Busquei um novo clínico geral, super cuidadoso, total oposto do anterior. Me deu a requisição, refiz os exames, conseguimos remover a hipótese da nutricionista e encontrar o que estava me deixando doente. Passei a ter em mãos, um diagnóstico correto, bem como, todas as orientações para um tratamento tranquilo.
Confesso que jamais considerei potencial negligência de um médico que me acompanhou durante cinco anos. Mas, o que esperar de um especialista da área da Saúde que quer decidir até a instituição que você deve fazer os exames? É um estágio de prepotência e indisciplina gritante.
Estou muito consciente de que falhas humanas acontecem, no entanto, algumas podem ser evitadas com zelo, empatia e um simples escutar. Me imagino ingerindo substâncias capazes de agravar meu quadro clínico, por pura falta de indolência. Inadmissível!
Torço para sempre encontrar profissionais sérios como a nutricionista e o segundo clínico geral, que me ofereceram toda a assistência. Peço que seja firme quando o assunto é a qualidade do seu futuro. E lembre-se, vão existir muitas outras conjunturas envolvendo negligência, que podem custar muito caro, principalmente para a vítima. Devemos ficar atentos.
Alexandre Fonseca é jornalista, cineasta, escritor e produtor cultural.
Infelizmente eles fazem uso daquele adágio “palavra de médico é palavra de rei”. Não é bem assim. O médico assim como qualquer outro profissional, qualquer ser humano, é passível de erro.