Por Alexandre Fonseca
Conheci alguém idealizador de objetivos ambiciosos. Repudiava a prisão do comodismo e sentir a prática do desperdício de sua própria vida. Havia um receio do medo, da ansiedade e da indecisão atrapalharem a conquista dos seus sonhos. Havia um desejo de ser lembrado por algo, poder dizer que obteve independência e fez parte do mundo. Deixar a sua marca.
Foi alguém e foi um lutador! Quando criança, amparava o pai com as atividades da roça, cuidou da família como um guardião. Saiu do aconchego dos parentes aos dezoito anos. Morou na cidade grande, numa casa feita de madeira e sem tijolo nenhum. Enfrentava diariamente uma jornada de trabalho cansativa, tinha suas responsabilidades com o restinho da faculdade (paga por amigos solidários) e era apenas no turno da noite que lhe sobrava um tempinho de descanso, algumas poucas horas.
Hoje, ele deve estar pensando em como vai fazer para conseguir o dinheiro do aluguel ou como economizar o estoque da geladeira usada, fruto de doação, para que a semana seja a mais justa possível. Ontem, enfrentou uma crise existencial, de pânico, de preocupação, chame como quiser. E isso destrói qualquer um, embora, ele não seja qualquer um!
Os ciclos carregam a premissa de proporcionar a cada indivíduo, uma ordem de amadurecimento e aprendizagem. É seu, rege de acordo com as suas vivências. No entanto, reconhecer o semelhante através das experiências de vida dele, tudo o que dispõe de material e espiritual, é um efeito extraordinário. Admiro e respeito alguém como o sujeito descrito, por almejar tão alto, possuindo tão pouco. No final do dia, o que o faz feliz é a mais pura simplicidade de poder contar com pessoas ao seu redor, as que te dão apoio.
O processo de empatia, de colocar-se no lugar do outro, engrandece e ajuda a enxergar o quanto estúpido é a reclamação do frango que ficou salgado, do acordar cedo para ir trabalhar ou estudar, das tarefas diárias. Acredito que todos nós devemos percorrer por algo parecido. Aderir à compreensão: sempre haverá alguém almejando estar no nosso lugar. Diante de tudo, recorrer também a um fator analítico: ainda que haja tribulações, tem quem seja realizado com o domínio da pequena liberdade conservada nas mãos.
Desenvolvo muito orgulho! Tenho certeza absoluta que a vertente da ambição citada lá no início e todos aqueles receios, farão dele alguém grande, fonte de inspiração e ensinamentos para qualquer um que cruze sua trajetória. Falei esses dias, “pode ainda não ser totalmente livre como tem vontade, mas, parte do mundo você já pertence e a sua marca, está aqui, na estima que todos nós te atribuímos”. O que aprendi? A valorizar. Pense bem! É como os dois tempos verbais usados na construção das minhas palavras. O passado será basicamente a definição do que nos tornaremos, salvo exceções . Se vejo no pregresso alguém com forte empenho, no futuro, empenhado poderei ser. Então, absorva e valorize!