Em greve desde o começo do mês de fevereiro, a saúde estadual continua com ações e cobranças por um calendário de pagamento direcionado ao ano todo. Os servidores pedem ainda o pagamento dos salários atrasados.
Em meio a greve o SINDSAÚDE tem denunciado constantes abusos sofridos pelos trabalhadores que aderiram a greve em alguns hospitais. No Tarcísio Maia a situação é mais complicada. De acordo com João Morais, presidente do SINDSAÚDE, ele chama o que está acontecendo de “repressão e perseguição”, além de “Caça as bruxas”.
O Diário Político está aberto a Direção do HRTM para responder as acusações.
Confira uma nota do sindicato detalhando a problemática:
A direção do Hospital Tarcísio Maia segue em sua “caça às bruxas” contra os grevistas. Começou com ameaças do diretor e ex-sindicalista Valmir Alves, que tentava intimidar os grevistas visitando os setores de trabalho onde se concentravam profissionais que aderiram à greve. Agora, setores da enfermagem, em conjunto com a direção, estão partindo das palavras às ações, e além de ameaçar com faltas, estão editando ocorrências contra participantes do movimento paredista.
A ocorrência assinada pela enfermeira Mirella Carla, que teve seu teor vazado e amplamente discutido nos grupos de Whatsapp que reúnem profissionais da saúde, é prova disso, e chegou ao conhecimento do sindicato. A ocorrência narra uma ocasião em que um técnico de enfermagem que afirmava estar participando da greve mediante a escala de revezamento é ameaçado de falta (“caso ele não queira voltar para o setor, ele ficaria com falta”). O servidor ainda veio a ser intimidado em seu direito de greve, sendo levado pela enfermeira à sala de direção para prestar satisfações perante o diretor Dr. Eliézer.
A repressão a servidores grevistas está sendo recorrente no interior do Hospital Tarcísio Maia: a maioria das(os) ativistas estão sendo ameçados de falta e já foram intimidados pela direção do hospital – esta situação é similar em outros hospitais regionais. Mais preocupante ainda é a discussão sobre a legitimidade da greve, levantada na ocorrência. No documento, registram-se, a nosso ver, várias inverdades sobre a Greve da Saúde deflagrada no dia 05 de fevereiro:
1. “ninguém tinha ciência desse assunto […] não tinha nada formalizado (sobre) a greve”: a greve foi deliberada por ampla maioria de servidoras e servidores da saúde presentes em assembleia soberana, marcada com a pauta específica sobre a greve. Foi dada ampla publicidade à greve, seguindo todos os trâmites legais, tais como notificação com antecedência mínima de 72 horas, publicação na imprensa estadual, dentre outras.
2. “não tinha nada oficializado sobre a greve”: De acordo com o narrado ao fim da ocorrência, quando o servidor foi levado à sala da direção, Dr. Eliézer repercutiu a opinião da enfermeira, de que não reconhece greve da saúde como legítima.
3. “quem organiza é o sindicato, não o hospital […] deveria ter um comando de greve no hospital” : As greves não são do sindicato, mas da categoria de trabalhadoras e trabalhadores da saúde. É fundamental que a própria base assuma o comando da greve. Foi o que ocorreu, desde o início, no interior do HRTM. Importante relembrar que tanto a escala de revezamento de greve, quanto a questão do comando de greve, foram tratadas e aprovadas em reuniões dos grevistas que ocorreram no próprio Hospital Tarcísio Maia.
Por fim, afirmamos que é preocupante o nível de repressão e perseguição às trabalhadoras e trabalhadoras no HRTM e nos demais hospitais regionais. Nós – sindicato, servidoras e servidores- exigimos, apenas, o cumprimento da lei: o respeito ao direito de greve e o pagamento dos salários atrasados.
O Sindsaúde/RN tomará as medidas judiciais e políticas cabíveis para confrontar qualquer tipo de perseguição aos ativistas no interior dos hospitais públicos do Rio Grande do Norte, até que a governadora apresente um real compromisso no que diz respeito ao pagamento dos nossos salários atrasados.