Via professor Tales Augusto*
Professor, Contador, Engenheiro, Advogado, Médico e todas as outras profissões passam pelo estágio! Período nobre pelo qual a teoria vai a prática e nem sempre é reconhecida, inclusive as vezes, a prática antever a teoria! Dentro do período de formação numa IES, o estágio colabora e muito para formar verdadeiros profissionais e cidadãos, visto que no tete a tete, nas situações práticas todos nós acabamos por nos descobrir enquanto atuantes no que escolhemos! Ao estagiar também nos são apresentadas realidades que fogem a teoria e o “mar de rosas” com suas dificuldades, entretanto uma das piores é o desrespeito e descartabilidade, donde sabemos que ao término do estágio e do curso, iremos concorrer a vagas de emprego com possibilidade de efetividade. Jamais devemos esquecer que ESTÁGIO NÃO É BRINCADEIRA E ESTAGIÁRIO É GENTE!
A Prefeitura Municipal de Mossoró, em pleno dezembro, donde se espera que minimamente haja por parte das pessoas, sejam elas cristãs ou não, até mesmo sem credo algum, a sensibilidade do mutável que temos numa mudança de ano, fez o que os mais de 600 estagiários fossem “presenteados” com a notícia da quebra de contratos para quem sabe, novos contratos serem feitos! Somos cientes que um contrato pode sim, ser finalizado, o que questionamos é a forma, as novas possibilidades e o pior, aqueles que temos como guardiões da cidadania, que nós, a partir de concursos, como eleições e certames públicos de seleção de pessoas, achávamos serem exemplos, visto que ao término de nossos cursos, poderíamos e nos tornaríamos parte dessa engrenagem sistêmica/holística (fui estagiário, enquanto aluno da UERN do curso de História e bolsista, professor substituto no CEFET/UNED Mossoró e hoje efetivo do IFRN Campus Apodi)! Servidores que servem ao público e não se servem dele, quando estávamos na Secretaria de Planejamento e alguns optaram por assinar o termo de se desligarem, uma servidora chegou a dizer que “iam ter muito tempo de férias” e que “ESTÁGIO NÃO É EMPREGO”, mas como assim? Se foi dos vencimentos dos estágios que foram pagas mensalidades das IES e por isso mesmo até com o fim dos contratos podem por acabar se desligando das instituições que requerem pagamento de mensalidades. Com o o pagamento dos estágios, garantiram a si e familiares a manutenção alimentar, transportes para trabalhar, livros para estudar, planejamento de sonhos durante aquele período que achávamos ser o de vigência do contrato? A servidora foi infeliz, pois na engrenagem os estagiários não são descartáveis, ou melhor, não deveriam! Achar que na hierarquia há o mais importante e o outro não ter serventia é pensar de forma micro o que na verdade é macro! São os estagiários que por vezes fazem atividades que os servidores efetivos, com estabilidade nem sempre estão aptos ou simplesmente não querem fazer, são os estagiários que são menos remunerados mesmo fazendo por vezes as mesmas ações que os servidores efetivos, são os estagiários que sabem que são contratados e o contrato terá um fim, são os estagiários que com o tempo após a conclusão do curso serão efetivos! Só que a prefeita, a vice em exercício ou o secretário em nome delas, propôs de antemão rescindir os contratos imediatamente e futuramente será proposto novos contratos, mas com vencimentos inferiores aos atuais com o mesmo serviço prestado, mas como assim? Se há inflação, se não haverá diminuição de carga horária (pelo os até aqui ninguém nos comunicou nada), se as mensalidades das IES irá aumentar, não tem como entender.
Será mesmo que depois de tantas decepções muitos dos estagiários até desistam de continuar na áreas que estão atuando no futuro após a conclusão dos cursos? Lembro-lhes, não são 600 estagiários que terão que optar por mudanças, é a Prefeitura Municipal de Mossoró dando de presente para 2019 a toda a sociedade mossoroense a quebra de uma sequência em trabalhos de inclusão aos alunos com necessidades especiais ou deficiência, é a PMM deixando as mães e pais dos alunos sem saberem ao certo o que ocorrerá. A PMM irá contratar novos estagiários para aqueles que escolheram rescindir? Sim! Todavia um processo sério levará tempo para todas as áreas e em especial a Educação, tempo é algo primoroso, requer adaptação, na relação entre escola, professor, estagiário, alunos, pais e sociedade, requer CONFIANÇA DE TODAS AS PARTES! Daí, podemos confiar numa gestão que descarta seus servidores (sim, estagiário é servidor, pode não ser efetivo [ainda] e pouco ou nada reconhecidos)? Que propõe pioras? Que não vê o aluno-estagiário, o cidadão mossoroense e potiguar como ser humano com necessidades e obrigações? Já dizia Gonzaguinha, “Um homem se humilha, Se castram seu sonho, Seu sonho é sua vida, E VIDA É TRABALHO, E sem o seu trabalho, Um homem não tem honra, E sem a sua honra, Se morre, se mata, Não dá pra ser feliz, Não dá pra ser feliz !”
2019 se tornou um ano de incertezas para os estagiários que a PMM quer descartar!
*Tales Augusto de Oliveira é professor EBTT/Historiador no IFRN Campus Apodi e reside em Mossoró.