Foi por pouco, muito pouco. Apenas um voto deu fim aos 12 anos de mandato de Benjamin Netanyahu como primeiro-ministro de Israel, o mais longo na história do país.
Em seu Twitter, Netanyahu, que enfrenta três processos judiciais sob a acusação de corrupção, disse que “todos os parlamentares eleitos por votos da direita devem se opor a este perigoso governo de esquerda”. Ele destacou negativamente a participação de um partido árabe na coalizão anunciada na quarta-feira pelo líder da oposição, o centrista Yair Lapid. Para assumir, o governo articulado por Lapid tem que ser ratificado pela maioria do Parlamento.
O resultado da votação no Knesset (o Parlamento israelense) foi 60 a 59 com uma abstenção, o que levou ao poder uma colcha de retalhos formada por partidos de todas as tendências. Com apoio de partidos de esquerda e de agremiações árabes, a cadeira de premiê vai ser ocupada pelo ultradireitista Naftali Bennet.
Pelo arranjo, ele ficará 18 meses no cargo e revezará com o moderado Yair Lapid, idealizador da coalizão. Apesar da margem estreitíssima no Parlamento, espera-se que o novo governo ponha fim à instabilidade política em Israel, que teve quatro eleições gerais em dois anos.
Netanyahu é o segundo aliado que Jair Bolsonaro vê apeado do poder em poucos meses — o primeiro foi Donald Trump nos EUA. O Brasil, porém, quer manter estreitos os laços com Israel, e, segundo o Itamaraty, Bolsonaro pretende telefonar para Bennet para cumprimenta-lo.
Filho de imigrantes americanos e milionário do setor de tecnologia, Naftali Bennet iniciou a carreira política à sombra de Netanyahu no tradicional partido direitista Likud, que deixou em 2007 para assumir posições cada vez mais radicais. Seu partido Yamina defende o ultraliberalismo econômico e é contrário a qualquer negociação que envolva a criação de um Estado palestino.
UOL, CNN Brasil, O GLOBO, Folha, Meio.