Via InfoMoney às 13h
SÃO PAULO – O Ibovespa opera em leve queda nesta sexta-feira (19) com os ganhos moderados de ações de empresas do setor financeiro como Itaú Unibanco, Bradesco e B3, todas subindo entre 0,7% e 1,1%, compensando em parte as pesadas vendas sobre Petrobras e outras estatais.
O único banco que vê seus papéis se desvalorizarem hoje é o Banco do Brasil, que é uma sociedade de economia mista.
Motivo
Esse sell-off nas estatais reflete a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a partir de 1º de março não haverá mais qualquer imposto federal incidindo sobre o óleo diesel. Bolsonaro disse que o reajuste nos preços dos combustíveis anunciado ontem pela é “fora da curva” e “excessivo”.
Ele reforçou que não pode interferir na estatal, mas ressaltou que “vai ter consequência” a decisão da empresa, ameaça vaga que deixa os investidores atentos aos papéis da petroleira. As ações preferenciais da Petrobras recuam mais de 5%.
De acordo com Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da Tendências Consultoria Integrada, o impacto estimado do corte de impostos em combustíveis é de R$ 3 bilhões, mas é importante observar limitações impostas pela legislação para alterações com efeito imediato. Não está claro ainda, por exemplo, se o governo terá de apontar compensações para a renúncia de receita devido à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Para Alessandra, a decisão é questionável também em razão da situação fiscal do governo atualmente. “Tem pressão sobre vários preços. Por que fazer algo pontual para combustível? Isso abre precedente, ainda mais para um governo dito liberal do ponto de vista econômico. É uma medida bem contra essa cartilha, pontual, favorecendo um segmento”, destaca.
Planejamento
Já Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) avalia que o anúncio de Bolsonaro mostra que falta planejamento. “O valor não é tão expressivo, mas cabe lembrar que há uma série de questões não contempladas no Projeto de Lei Orçamentária Anual [PLOA], ao qual se soma esta novidade.”
Internacional
Lá fora, as bolsas sobem depois da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, afirmar que um grande pacote de estímulos econômicos para mitigar os impactos do coronavírus ainda é necessário para que a economia americana se recupere totalmente.
De acordo com Yellen, a proposta do governo do presidente democrata, Joe Biden, de US$ 1,9 trilhão em estímulos poderia ajudar os Estados Unidos a voltarem ao patamar de pleno emprego em um ano. “Acredito que o preço em se fazer pouco é muito mais alto do que o preço em se fazer algo grande”, disse a secretária do Tesouro.
Ibovespa
Às 13h01 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha leve queda de 0,27%, a 118.874 pontos.
Enquanto isso, o dólar comercial opera em baixa de 1,25% a R$ 5,372 na compra e a R$ 5,373 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em março se desvaloriza em 0,91%, a R$ 5,379.
Sobre o câmbio, Carlos Menezes, gestor da Gauss Capital, disse à Bloomberg que o mercado vai apostar em um Banco Central mais hawkish (favorável a apertos na política monetária para conter a inflação) para ajudar o real, dado que o juro baixo ajuda a enfraquecer a moeda brasileira e o dólar alto é apontado como uma das causas da alta dos combustíveis.
Juros
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe dois pontos-base a 3,42%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de cinco pontos-base a 5,09%, o DI para janeiro de 2025 avança nove pontos-base a 6,67% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de nove pontos-base a 7,32%.