21 nov 2018

Bom jornalismo rompe “bolha”, mania de ler só informação em que acreditamos

Via Maria Carolina Trevisan/ UOL Notícias

No mar de desinformação, precisão é ouro. Com a reprodução de notícias falsas em massa graças às redes sociais e aos aplicativos de envio de mensagens, o jornalismo de qualidade tem se tornado cada vez mais relevante. Para encontrar informações verdadeiras, o público passa a buscar fontes de credibilidade, principal atributo do jornalista. Por isso, quanto mais bem apurada for uma notícia – com fontes plurais, diferentes contextos, dados, legislação, investigação – mais pertinente é o seu conteúdo.

Diante desse cenário, a função social do jornalismo ganha contornos mais robustos. Continua exercendo seu papel primordial de acompanhar e fiscalizar o poder; iluminar a escuridão em temas determinantes para a sociedade; dar espaço para cidadãos que geralmente não têm voz; agendar demandas importantes para pautar e cobrar políticas públicas; e, mais que nunca, ser um dos pilares que sustentam a democracia.

Já não basta o jornalismo corresponder ao timming imposto pela internet, não é suficiente a checagem de fatos. Se nos ativermos apenas a isso, perderemos para a desinformação em massa. É preciso aprofundar, especializar a informação, dar tratamento aos fatos para que o leitor, ouvinte ou telespectador, possa compreender do que se trata determinada notícia e saiba separar o que é a “verdade” e o que é retórica manipuladora. Não é mais aceitável buscar apenas fontes oficiais para escutar sobre certa situação. Na verdade, nunca foi. Mas agora tudo está mais entrelaçado, imbricado, e tem mais de um ou dois lados. “O melhor remédio para as chamadas fake news é voltar aos princípios básicos do jornalismo, em que os conteúdos se fundamentam na verificação da informação, com diversas fontes confiáveis, sob o espírito de serviço público e responsabilidade social”, afirma Ricardo Corredor, diretor da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo, da Colômbia.

No panorama político, mais que antes, o jornalista lida agora não só com as denúncias de corrupção, essenciais nessa profissão. Precisa compreender a complexidade das histórias que aborda, os diferentes interesses, tratar concomitantemente das violações de direitos oriundas dessa corrupção, das possíveis soluções e enquadrar atores responsáveis. Isso não é novidade. Mas, nesse sentido, o Judiciário tem ocupado espaço e importância. É preciso considerar que essa instituição está em evidência, ganhou superpoderes, juízes são vistos como heróis, ocupam o noticiário mais que políticos e celebridades e preenchem o vazio deixado pela descrença na política. Atualmente interferem até no que a imprensa pode ou não publicar, como no caso do inquérito sobre a execução de Marielle ou em outras tentativas de intimidação via processos judiciais e constrangimento público. É nesse cenário que estamos trabalhando.

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