28 maio 2020

Secretaria vai recomendar fim do uso da Cloroquina em pacientes com Covid-19 no RN

A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap/RN), vai recomendar que a hidroxicloroquina e a cloroquina não sejam utilizados para o tratamento da Covid-19 em pacientes graves internados nos hospitais do Estado. O novo protocolo deve ser assinado nesta semana e deverá conter outras instruções referentes aos cuidados com os pacientes diagnosticados com a doença provocada pelo novo coronavírus. Apesar da recomendação, o critério de prescrever ou não o medicamento para o paciente continuará respeitando a autonomia dos médicos, que também deverão seguir o livre arbítrio dos pacientes em aceitarem ou não a medicação.

Avaliação científica

De acordo com o médico infectologista Igor Thiago Queiroz, presidente da Sociedade Norte-riograndense de Infectologia e um dos cinco profissionais de saúde da Sesap/RN responsáveis pelo protocolo, disse que a recomendação leva em consideração as evidências científicas sobre a medicação divulgadas recentemente. “O que a gente vê das últimas evidências, de estudos publicados em revistas internacionais, é que a hidroxicloroquina foi utilizada numa fase muito tardia do adoecimento, não tínhamos aquela orientação sobre divisão de fases. O que a gente vê, nesses estudos, é que quem fez uso da cloroquina, nessa fase tardia, não teve benefício. Pelo contrário, aumentou o risco de efeitos colaterais e a mortalidade. Não vamos recomendar usar hidroxicloroquina no hospital, no paciente que já interna grave”, disse o médico, que participou da coletiva de imprensa promovida pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN) com o tema “Uso de antivirais: quais as evidências científicas?” na quarta-feira, 27/05.

Estado leve

No caso dos pacientes em estado leve, fora do hospital, a recomendação da comissão dos médicos, segundo Igor Thiago Queiroz, é de que “possa ser feito a critério do médico. Já temos respaldo do ponto de vista do Ministério da Saúde e do Conselho Regional de Medicina do RN (Cremern), mas que seja feita de forma acompanhada, que priorizem os estudos clínicos e procurem os professores universitários que estão fazendo suas pesquisas e que possam incluir mais pacientes para terem respostas científicas”, argumentou.

Contra

Quem é contra o uso da medicação é o infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Clóvis Arns. Segundo ele, pela falta de evidências científicas com relação ao uso do fármaco, a SBI tem recomendado que, atualmente, a cloroquina não seja administrada em nenhum dos estágios da doença. o Cremern recomendou quatro alternativas de tratamento: a hidroxicloroquina associada com azitromicina; cloroquina; hidroxicloroquina ou cloroquina isolada e ivermectina associada à azitromicina. Para administrar a cloroquina, o Conselho Regional de Medicina destaca que o profissional deverá, obrigatoriamente, “relatar ao doente que não existe até o momento nenhum trabalho que comprove o benefício do uso da droga para o tratamento da Covid-19, explicando os efeitos colaterais possíveis, obtendo consentimento livre e esclarecido do paciente ou dos familiares, quando for o caso”.

A favor

A medida também é preconizada pelo Governo Federal. “O tratamento antiviral poderá ser prescrito na fase inicial da doença, preferencialmente, aos pacientes portadores dos fatores de risco para a forma mais grave. Também poderá ser administrado nas demais fases naqueles casos em que não foi possível realizar no início, considerando os fatores de exclusão para o uso e tomando as devidas precauções”, diz o documento do Cremern. Medicação é usada desde abril nos hospitais do Estado.

A droga, que é uma das utilizadas em todo o mundo no combate à Covid-19, é disponibilizada aos pacientes pela rede pública de Saúde através de 11 hospitais que fazem parte do Plano de Contingência estadual em Natal, Parnamirim, Caicó, Currais Novos, Mossoró e Pau dos Ferros. Também está ocorrendo a utilização do medicamento em pacientes na rede privada.

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