Por Alexandre Fonseca
Graicy iniciou a vida maternal com vinte e três anos. Tem no histórico familiar, sua adoção no dia em que nasceu e carrega o papel de mãe e pai, desde os primeiros momentos com seu pequeno Benjamim. Nos anos seguintes, manteve uma busca constante por superações. Deu o pontapé no ramo profissional quando encerrou um relacionamento abusivo, venceu a depressão e enxergou que tinha a capacidade de ajudar outras mulheres. “Somos almas de negócios, chegamos a lugares inimagináveis, lutamos por tudo que acreditamos e conseguimos obter êxito nas áreas em que quisermos”, diz orgulhosa.
Já Jeovaneide, foi mãe um pouco mais tarde, aos vinte e nove anos. Também é a força paterna dentro de casa, cuidando do Lucas Gabriel com todo amor que consegue entregar. Teve momentos decisivos na profissão: descobriu sua gravidez justo nos primeiros dias de trabalho em uma empresa de telecomunicações. Deu uma pausa, cuidou da gestação desempregada e quando surgiu uma vaga, retornou ao seu posto, no qual está por quase quatro anos. “O fato de ser mãe solteira, bancar sozinha uma casa, ter que trabalhar fora, com um filho pequeno e ainda dependente, me fortaleceu. Me fortalece a cada dia. Nós somos fortes”, afirma.
Francisca, por sua vez, foi a mais precoce. Gerou o primeiro filho Alexandre com vinte. Seis anos depois concebeu o segundo, chamado Douglas. Antes dos dois, havia perdido uma criança. Apesar das dores, garantiu forças e realizou o desejo de ser mãe. Sempre foi muito articulada, batalhadora. Conseguiu o primeiro emprego com apenas doze anos. Na época, ter grandes responsabilidades para ajudar dentro de casa começava ainda de muito cedo. As leis eram outras! Foi doméstica, vendedora de cosméticos, dona de estabelecimento comercial no ramo alimentício e atualmente planeja retomar o seu próprio negócio. “Estou trabalhando nisso e no futuro, vou voltar a ser uma empreendedora”, garante.
Graicy, Jeovaneide e Francisca são três mulheres que possuem muito em comum, só pelo fato de serem mulheres. Passaram e passam por situações inimagináveis. Vivem hoje com uma visão muito clara do poder que cada uma possui diante de uma sociedade condicionadora, preconceituosa e preenchida por casos de violência contra o sexo feminino. É por esse motivo que existe um dia internacionalmente dedicado a elas. Todas elas! Oficializada pela Organização das Nações Unidades na década de 1970, a data simboliza a luta histórica das mulheres, por direitos, respeito e espaço. Muita coisa mudou, porém, não o suficiente.
Em 2017, só no Rio Grande do Norte, foram registradas 143 mortes violentas de mulheres. Em 2018, foram 93. Denúncias de agressão e ameaça saltaram de 2.725 para 2.872 casos. Um aumento de 5,4%, segundo o portal de notícias G1. Existem muitos outros dados alarmantes, que com uma breve pesquisa na internet é possível consultar. Violência de todos os tipos. Além disso, a mulher continua ganhando bem inferior ao homem no âmbito profissional. Em 2018, de acordo com a Agência Brasil e o IBGE, elas representavam 45,3% da força de trabalho, ganhavam 79.5% do total do salário pago a uma figura masculina e tinham jornada semanal menor em 4,8 horas, sem considerar o tempo dedicado aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas.
Diante de todas as informações que podemos coletar sobre ELAS no século vinte e um, surgiu a ideia de desenvolver um projeto denominado “O Prisma das Mulheres”. Com a intenção de fomentar da visão das próprias, o que conseguiram conquistar no decorrer dos anos. Elas falando para elas, por elas e para os demais. Um projeto audiovisual que será lançado justamente no dia oito de março, na plataforma IGTV, desse jornalista que vos escreve. O dia oito representa muito mais do que lutas, significa hoje, a evolução de uma parcela social feminina, que tem enfrentado obstáculos de todos os lados, o tempo todo.
É necessário conscientizar e diminuir de forma drástica os números citados. Exterminá-los seria o ideal. Enquanto isso não acontece, utilizamos as ferramentas possíveis para alcançar a maior quantidade de pessoas. Precisamos ressaltar a mulher, as nossas mães, as nossas colegas de trabalho, as nossas amigas, todas. Lembrá-las de que estão no mundo para seguir suas próprias escolhas e terem suas habilidades reconhecidas. Se por acaso existir alguma vontade de conhecer Graicy, Jeovaneide e Francisca um pouco mais, está formidavelmente convidada(o). Você poderá acompanhar o projeto audiovisual “O Prisma das Mulheres”, no dia oito de março de 2020, a partir das 8 horas da manhã, no Instagram @_lexfonseca e nas redes sociais do blog Diário Político.