09 dez 2019

A projeção da individualidade

Por Alexandre Fonseca

Me deparo constantemente com casos destruidores de esperanças, com os quais não sei lidar. Digo de esperanças, pois, apesar de decepcionado, ainda acredito que no futuro haverá evolução dos seres humanos. Sendo mais específico, pelo menos daqueles aos quais atribuímos alguma espécie de carinho. Uma enganação só. Espera-se que depois de exaustivas reivindicações, brigas e conversas, a visão do “posso melhorar” brote, mas não é bem assim. Preciso ser direto: algumas pessoas são incorrigíveis!

Uma relação entre dois amigos, que dura sete anos, é suficiente para entender quais características do outro você jamais irá conseguir ver exercendo um avanço, por menor que seja. Uma delas é a individualidade. Sempre existirá alguém, que vai praticamente exigir aquele favor como se fosse uma obrigação e esquecer de dividir contigo, seus momentos de alegria. O que era pra ser “nosso”, hoje, é somente “meu”. Um desgosto imensurável.

Perdeu-se o valor da doação, do sacrificar-se pelo outro, de solidarizar-se com determinadas situações, de ter empatia. O importante é que você esteja disponível para fazer o que eu preciso. Minhas necessidades sendo atendidas, pouco quero saber das suas. O ser individual é desenvolvido de uma forma tão tóxica e dilacerante, que tem originado sujeitos incapazes de mascarar o tamanho da negatividade que carregam, nas decisões que abraçam durante suas rotinas. São abraços escuros, de vidas sem conteúdo e destituídas de admiração.

É um estado de prolongamento abrupto do egocentrismo, que por vezes, nem a própria pessoa enxerga que possui. Maior tristeza impossível! Felizmente não podemos generalizar, temos por nós, contados nos dedos, aqueles que deixam compromissos de lado, enfrentam dias cansativos e angustiantes, apenas para praticar o apoio genuíno. É fundamental entender que não estamos sozinhos, que precisamos uns dos outros, que ter orgulho pode limitar vínculos e que ser individualista, é ser pobre de tudo, de tudo mesmo.

Você pode e deve sempre colocar-se em primeiro lugar, porém, nunca seja alguém sem alma, um sugador, que quer receber benefícios e não tem interesse nenhum em retribuir. É certo, que não devemos esperar nada em troca, de ninguém. É certo também pontuar, que um simples “você está bem?”, “estou feliz por você”, não dói e transforma consideravelmente o dia daquele(a) que te classifica como amigo(a). Após inúmeras tentativas, de ter abdicado dos seus desejos, dos longos diálogos, demonstrando seu descontentamento com esse tipo de conduta, não houver qualquer pontinha de renovação ou crescimento, é hora de repensar suas amizades. Existem ciclos em que regressar é a chave para manter a paz com você e com o outro. Pense nisso.

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