03 dez 2019

O dilema da realidade do outro

Removendo o dilema de não se encaixar na realidade do outro.

Por Alexandre Fonseca*

O mundo moderno é complicado mesmo para quem nasceu na época das casas de jogos, dos 25 centavos que garantiam trinta minutos de diversão em um videogame ou computador. Não importa se o conhecimento obtido nos anos 90, surgimento de algumas das principais tecnologias em evidência e desenvolvimento no século XXI, te fazia pensar que estava incluído ou incluída nas novas diretrizes da sociedade. A questão vai muito além disso! Conhecer o cenário de antes, não ajuda tanto a lidar com o cenário atual. Por quê?

Muitos ainda se sentem perdidos, não compreendem a velocidade com que tudo passa por transformações, ganham notoriedade e perdem força. Apesar de algumas pessoas possuírem traços autodidáticos quando o assunto é eletrônico, o problema aparece no comportamento. Imagine um rapaz, no auge dos seus 26 anos, usando o aplicativo de conversas WhatsApp, para se comunicar (óbvio). Acredita-se que ele esteja por dentro de todas as regras que compõem a utilização da ferramenta, porém, o usuário não se encaixa em nenhum dos parâmetros, digitando mensagens formais, pontuadas, aplicando quase nenhum dos emojis disponíveis, por pura falta de hábito em buscá-los no tempo ágil da interação e deixando de lado, os diversos recursos que compõem o software. Isso pode acontecer simplesmente por falta de identificação ou julgamento alheio.

Em outro momento da vida, o mesmo rapaz se depara com as famigeradas figurinhas, mais uma mudança na relação entre a forma de trocar mensagens. Fazendo uma breve analogia, elas passam literalmente a falar em forma de imagem, representam reações, desejos, afirmações, enfim. E, até entender isso e se acostumar com a aplicabilidade dos novos recursos, leva um tempo, principalmente para quem não consegue largar certas particularidades. Por falta de adaptação, as figurinhas, os emojis e as mensagens soltas, ficam invalidadas, perdem o significado e o jovem continua não se encaixando no clean, no que é contemporâneo. Sim, um jovem!

Podemos apontar ainda, que a falta de ação direta no uso das novidades que surgem o tempo todo em uma plataforma virtual, pode sim ser em razão da personalidade do sujeito. O sentimento para alguns, é de que as coisas mudam tão rápido e a vida está dentro de uma rotina tão cheia de comodismo, que apesar de ter desde a infância, contato com a tecnologia, 26 anos de idade não significam ser suficientes para certificar um domínio sobre o que para milhares de pessoas, é algo fácil de pertencer. Tem quem consiga ser multifacetado(a) e se ajustar com maestria, mas, para aqueles que não, só precisamos deixar claro que está tudo bem. O mundo continuará acelerando sem o nosso consentimento, cabe a cada um, decidir se estará envolvido(a), e se terá disposição para o novo. Algo já mudou antes de você terminar de ler, de ver ou de falar. É a vida!

Texto dedicado a Luan Freire, que me fez refletir sobre o mundo e suas nuances.

*Alexandre Fonseca é Jornalista, escritor, cineasta e produtor cultural.

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