Em resposta ao recente episódio de censura na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro (RJ), deputados, senadores e diversas entidades sociais lançaram nesta terça-feira (10/09) a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita. A iniciativa partiu do senador Jean Paul Prates (PT-RN), em parceria com a deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS). Os dois parlamentares presidirão a frente suprapartidária, que obteve a adesão de cerca de 200 congressistas e terá como vice-presidentes a senadora Leila Barros (PSB-DF) e o deputado federal Waldenor Pereira (PT-BA).
Durante o lançamento na Câmara dos Deputados, os parlamentares fizeram a leitura do Manifesto Contra a Censura na Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Os participantes do evento classificaram como “abominável” a tentativa de instalar “a censura à liberdade artística e de expressão no país”.
“Querem tornar o Brasil refém de um pensamento político difuso, reacionário e ultrapassado. Censura nunca mais”, diz trecho do documento lido no lançamento da frente.
O senador Jean Paul Prates conclamou os representantes das cerca de 50 entidades, associações e organizações da sociedade civil presentes no evento a participarem das audiências públicas e debates que serão realizados pela Frente Parlamentar Mista do Livro, da Leitura e da Escrita.
Jean Paul repudiou o que classificou de “graves ameaças às liberdades democráticas com a tentativa de reinstalar a censura no Brasil”.
“Estamos vivendo um período muito ruim para a democracia, mas ainda podemos reagir. Não há como ficar olhando as coisas acontecerem contemplativamente. Temos de fazer alguma coisa. Esse ato é muito importante, porque é uma primeira reação”, afirmou.
Fernanda Melchionna alertou que “vivemos um tempo histórico em que tentam voltar com a censura no Brasil”. “Não é um raio no céu azul. É um projeto autoritário que, para se instalar no país, precisa liquidar o pensamento crítico, atacar as artes, o cinema e a leitura e fazer como fizeram em todos os períodos autoritários da nossa história: queimar livros”, advertiu.
A deputada disse, ainda, que a reação da sociedade civil à censura do prefeito Marcelo Crivella (PRB) à Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro “mostrou que é possível reagir ao autoritarismo”. “Não vai ter censura”, pregou.