Questão de opinião*
A greve dos servidores públicos municipais da educação de Mossoró não é qualquer movimento. Originária do sindicato possui apoio quase unânime nas salas de aula. O Sindiserpum mede diariamente a dosagem de críticas a administração da Prefeita Rosalba Ciarlini (PP). Alguns números provam os motivos da eficácia da paralisação: quando um único professor deixa de dar aulas cerca de 20 crianças deixam de comparecer a escola. São 20 famílias afetadas. A greve só é sentida quando dezenas de profissionais aderem ao movimento e milhares de crianças tem interrompida sua dinâmica de aprendizagem. Justamente o que acontece neste momento e todos estão vendo.
O que muitos talvez não saibam é que a greve não é por causa de 4,17% de reajuste salarial. Este é um dos motivos. O cumprimento do piso é um clamor por dignidade. Uma parcela considerável dos professores da rede municipal de ensino trabalha no limite de suas necessidades. Lembrando que são profissionais que estudaram, se formaram e foram efetivados por meio de concurso público. E o que mais se ouve é que são as professoras que compram parte dos materiais para as aulas. São as professoras que pagam água mineral para sua sede. São as professoras que levam crianças pequenas ao banheiro, a maioria quase inutilizável por causa da estrutura péssima. Estou me referindo no feminino justamente pelo fato delas, as mulheres, serem maioria nas classes escolares.
Por causa dessas doses milimétricas de críticas ácidas voltadas a administração municipal – que sofre com problemas graves de gestão – a avaliação negativa das pessoas tem afetado diretamente o coração da Prefeitura: o gabinete da prefeita. As redes sociais mostram um termômetro febril. Apesar do esforço para provar que a greve é indevida, que o município paga mais que o piso nacional da educação, os resultados são desastrosos. O sindicato cobra diálogo, mas isso parece não fazer parte da cartilha seguida no palácio da Resistência, mas quem resiste são as/os profissionais da educação. Os batimentos do coração rosa aceleram em arritmia.
Os vereadores de Mossoró seguem sofrendo pelo mesmo caminho da “doença” sindical cardíaca causada pelo Sindiserpum, leia-se Marleide Cunha. Ao aprovar o título de “persona non grata” veja detalhes AQUI, o Legislativo cai na fossa da incoerência onde quem sai fortalecida é a sindicalista que tem apoio popular, diferente da maioria dos edis.
Parece uma administração cardiopata sofrendo pequenos infartos diariamente.
*Esta coluna é assinada por Vonúvio Praxedes.