Em meio às incertezas econômicas, os brasileiros são obrigados a cortarem gastos no orçamento familiar, desde itens considerados supérfluos, como o cafezinho na padaria, até insumos essenciais, como os medicamentos. A partir de 1º de abril, os preços dos remédios ficarão 10,89% mais caros, devido ao reajuste da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro, em 30 de março.
O cálculo considera a variação da inflação, ganhos de produtividade das fabricantes de medicamentos e variação dos custos dos insumos e características de mercado. Em 2021, o reajuste autorizado foi de até 10,08% para os medicamentos, ante uma inflação de 4,52% no ano anterior.
Neste ano, o aumento ocorreu em um contexto alarmante para a população brasileira, em que o endividamento atingiu 77,5%. Foi o maior resultado para o mês de março em 12 anos da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. O percentual também está acima do registrado há um ano, quando essa parcela era de 67,3%.
Além disso, há mais de 12 milhões de desempregados no país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) Contínua, realizada pelo IBGE. A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,2% no trimestre encerrado em fevereiro.
Como consequência do aumento nos preços dos remédios e na escassez de renda, muitas pessoas devem buscar a Farmácia Popular do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, podem se deparar com o sucateamento da política pública e não encontrar o insumo necessário. Isso porque houve redução de 27% dos investimentos com o programa desde 2015, segundo um levantamento da ONG Repórter Brasil junto à Fiocruz e ao Ministério da Saúde.
Segundo a Conselheira Federal de Farmácia (CFF) do Rio Grande do Norte, Lenira da Silva Costa, neste cenário de dificuldades, o consumidor pode ser amparado pelo farmacêutico, com humanidade e orientação técnica, de modo que garanta a economia na aquisição de medicamentos. A especialista listou cinco dicas que podem ajudar o consumidor a economizar com a compra dos medicamentos. Veja!
Evite a automedicação
“A instrução precípua, evidentemente, é coibir a automedicação, que pesa no bolso e na saúde, encorajando o uso racional de fármacos”, argumenta.
Descubra se o medicamento pode ser adquirido de forma gratuita
Lenira da Silva Costa brinca que a melhor forma de economizar com o consumo de medicamentos é adquiri-los gratuitamente. Isso porque, se a população não tiver sido orientada sobre a gratuidade do item pelos médicos e enfermeiros, o farmacêutico pode ajudá-la. “Caso a terapia medicamentosa seja indispensável, os farmacêuticos estão absolutamente preparados para orientar a busca de medicamentos na rede pública e nas unidades básicas de saúde dos municípios – em caso de receitas emitidas no SUS – ou de unidades incluídas no programa Farmácia Popular, onde até receitas particulares e de planos de saúde são aceitas”, explica ela.
“Se os medicamentos forem de alto custo, as unidades distribuidoras dos Componentes Especializados de Assistência Farmacêutica (CEAF) dos Estados devem ser o caminho indicado”, completa. “Além disso, certamente é praxe dos colegas que atuam nas farmácias comunitárias orientar a procura por programas dos próprios laboratórios farmacêuticos – alguns oferecem até 90% de desconto aos pacientes cadastrados. Planos de saúde também podem contar com programas de descontos em medicamentos ou farmácias conveniadas”.
Troque por um genérico
Uma das maneiras mais populares de economizar com a compra de medicamentos é a troca por genéricos. De acordo com Lenira da Silva Costa, os próprios farmacêuticos podem indicar a modalidade aos consumidores, já que, em geral, os medicamentos genéricos são muito mais baratos que os originais. “Sempre explicando ao paciente que os mesmos seguem critérios de segurança idênticos aos de marca, para registro na Anvisa”, acrescenta.
Opte por farmácias de manipulação
Lenira da Silva Costa explica que, dependendo do medicamento, pode ser mais econômico a compra em farmácias de manipulação, que entregam opções mais baratas e também contam com programas próprios de desconto.
“Em alguns casos, o medicamento manipulado pode ter a mesma eficácia, mas um valor bem mais em conta. O ideal é buscar a quantidade exata ou mais próxima da prescrita para o tratamento. Desta forma, evita-se a aquisição desnecessária de medicamentos. Para isso, o médico deve ser consultado sobre a possibilidade de utilizar as manipulações”, pontua.
Sempre consulte um médico
Por fim, a Conselheira Federal do Rio Grande do Norte enfatiza que “o tratamento jamais deve ser interrompido sem conhecimento de quem o prescreveu, ainda que haja sensação de melhora antes do prazo estipulado”.
Fonte: Comunicação do Conselho Federal de Farmácia