Via InfoMoney
Depois de fechar abaixo dos 108 mil pontos pela primeira vez no ano, o Ibovespa dá sequência às perdas da véspera com novas preocupações sobre a condução da política fiscal no país. Os temores foram renovados com a saída de secretários do Ministério da Economia, logo após a aprovação do texto que muda o cálculo do teto de gastos na comissão especial da PEC dos precatórios. Novamente, a permanência de Paulo Guedes no Ministério da Economia é questionada pelos investidores.
“Nem o mais otimista dos observadores pode descartar a hipótese de uma gastança desenfreada até o fim de 2022, com consequências bem conhecidas e justificadamente temidas”, afirma relatório da Levante Ideias de Investimento.
Com as articulações para que o teto do orçamento acomode o Auxílio Brasil, benefício que não deve sair por menos de R$ 400 por família, houve uma debandada do Ministério da Economia, incluindo a saída de Bruno Funchal, agora ex-secretário especial do Tesouro e do Orçamento. O cenário fiscal fica ainda mais nebuloso com um possível auxílio, também de R$ 400, para os caminhoneiros.
Às 10h15 (horário de Brasília), o Ibovespa recuava 1,35% aos 106.284 pontos. O Ibovespa futuro para dezembro de 2021 caía 1,23% aos 107.315 pontos.
Pensando em uma estratégia de curto prazo para as ações, o melhor a fazer é aproveitar a volatilidade para comprar valor. Ou seja, monitorar ações de empresas sólidas, rentáveis e que têm um track record comprovado de superação de momentos de crise”, afirmam os analistas da Levante.
O dólar comercial abriu em alta e sobe mais 0,62% a R$ 5,702 na compra e R$ 5,703 na venda. O dólar futuro para novembro de 2021 avança 0,96% a R$ 5,721.
Os juros futuros voltam a subir forte hoje, com o sentimento de que o Banco Central deve fazer ajustes mais severos na Taxa Selic. Nos vencimentos mais curtos, o DI para janeiro de 2022 já projeta juros acima de 8%. O DI para janeiro de 2023 tinha alta de 48 pontos-base, a 11,06%; DI para janeiro de 2025 subia 52 pontos-base a 12,02%; e o DI para janeiro de 2027 registrava alta de 50 pontos-base, a 12,28%.
Correção no teto dos gastos
A comissão especial que analisa a PEC dos precatórios concluiu na noite da véspera a votação do texto que adia o pagamento de parte das dívidas judiciais do governo e altera a regra de correção do teto de gastos. Combinadas, as mudanças vão abrir R$ 83,6 bilhões no teto em 2022, segundo cálculos do governo, segundo o Broadcast. O governo Jair Bolsonaro terá esse espaço à disposição no ano em que o presidente buscará a reeleição.
A votação dos destaques não resultou em nenhuma nova alteração no texto, que deve ir a plenário na semana que vem. Ao final da sessão, o relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que a decisão de mexer nas regras para assegurar um pagamento de R$ 400 até dezembro de 2022 a 17 milhões de famílias do Auxílio Brasil é política.